sábado, 21 de julho de 2012

AS MULHERES ESTÃO EM TODOS OS LUGARES


Mirtes Souza tem 25 anos. Antes de chegar à construção, foi recepcionista, atendente de padaria, auxiliar de salão de beleza e professora de informática (Helder Tavares/DP/D.A Press)
Mirtes Souza tem 25 anos. Antes de chegar à construção, foi recepcionista, atendente de padaria, auxiliar de salão de beleza e professora de informática
Acabou a reserva de mercado masculina. Agora os canteiros de obras da Região Metropolitana do Recife (RMR) têm o toque feminino. São serventes, carpinteiras, ajudantes de obras, pedreiras. Elas se misturam aos homens com naturalidade, e o melhor, em condições de igualdade de posição e salarial. As construtoras se renderam à falta de mão de obra qualificada fruto do boom na construção civil e passaram a contratar mulheres para as funções antes ocupadas só pelos homens.
Ainda é cedo para quantificar a presença das mulheres nos canteiros de obras, mas uma coisa é certa: aos pouquinhos elas estão invadindo a praia dos homens. Diretor de pesquisas socioeconômicas da Agência Condepe/Fidem, Rodolfo Guimarães diz que essa movimentação de mão de obra é natural em momentos de crescimento da atividade econômica. “Quando se esgota a força de trabalho masculina, a tendência é se incorporar as mulheres”, pontua.
Para enfrentar a dificuldade de recrutar trabalhadores para as obras em andamento, a construtora Conic decidiu investir na formação e qualificação das mulheres. “Desde o boom em Suape e a explosão da construção civil em Pernambuco, o nosso segmento vem encontrando dificuldade de quantidade e qualidade de mão de obra”, destaca Florence Olsen, gerente de recursos humanos da construtora. O tempo médio de preenchimento de uma vaga passou de uma semana para 15 dias em determinadas funções.
No início não havia muitas candidatas, mas a propaganda boca a boca espalhou a nova oportunidade profissional. Há 15 dias, um grupo de cinco mulheres - Josilene, Wilani, Mirtes, Márcia e Manuela - estreou no canteiro de obras do edifício Cais da Aurora, na rua de mesmo nome. Todas já passaram por outras ocupações, mas a oportunidade da carteira assinada, de ter um bom salário e o desafio de ocupar uma vaga na construção civil foram atrativos para essas pernambucanas.
Mirtes Renata Santana Souza tem 25 anos. Ela já foi recepcionista, atendente de padaria, auxiliar de salão de beleza, professora de informática. “Agora estou aqui na carpintaria. Trabalho desde os 18 anos, mas só na construção civil tive a oportunidade da carteira assinada. Fiz um curso de carpintaria e corri atrás da vaga.” Mirtes tem planos para o futuro: cursar engenharia civil e fazer carreira na construção civil.
Engenheiro civil responsável pela obra da Conic, Luiz Henrique Travassos da Silva, 27, aponta o diferencial da mão de obra feminina: “Elas agregam outras qualidades. São atenciosas, cuidadosas e detalhistas. Têm facilidade com a leitura dos projetos e são atentas à colocação dos equipamentos”. É, os homens que se cuidem. 
Fonte: DP

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