Por mais que o negue, formalmente, dizendo que era apenas uma “visita de cortesia”, a presença de Sérgio Moro na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, cujo chefe está na mira de Jair Bolsonaro, é mais um movimento no xadrez de hipocrisia que jogam o ministro da Justiça e o presidente, está óbvio. Como foi – e muito mais ousado – a divulgação do relatório da PF apontando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, como beneficiário de crimes com doações eleitorais da Odebrecht.
Os dois, claro, se preocupam em dar sinais abstratos de unidade, embora nem a velhinha da Taubaté, acredite nisso.
A unidade que existe é, apenas, resultado da maré vazante de ambos e Jair Bolsonaro é muito mais capaz de entender o “farinha pouca, meu pirão primeiro” que Sérgio Moro.
Não quer e não vai ficar com o estigma de ter “traído” Moro, mas espera, ansiosamente (e até com alguma dificuldade em conter-se), o primeiro erro do seu até agora ministro para colar-lhe o rótulo.
Conta, para isso, com o impasse em que está Moro.
Deixar o governo para cair nos braços abertos de João Doria – a Folha, hoje, trata abertamente disso – seria a adesão evidente à etiqueta de ambição política. Simplesmente sair, porém, também significaria submergir da mídia e só colocar a cabeça para fora nas águas lamacentas em que está metida a Lava Jato, após a revelação de seus intestinos pelo The Intercept.
O assédio de Doria é e será intenso, porque percebe que nada pior para seus planos que ter de enfrentar o bolsonarismo em seu território e nas órbitas de São Paulo, como o Paraná.
O fator decisivo para o desfecho deste episódio é a mídia, mais especificamente a Globo, contra a qual os minions e seu chefe levantam uma nova onda de ataques, cada vez mais violentos, como no episódio Merval Pereira.
Este é o perigo que apavora Moro: o de se ver colocado diante de um ultimato global: “ou ele ou eu”.
Faz (e muita) diferença
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