Trata-se de um fato que tem como interesse central o futuro presidente da República
O principal já está posto no escuro da gaveta. O PM Fabrício Queiroz e, de quebra, o futuro senador Flávio Bolsonaro são o que sobra para o interesse criado pela movimentação financeira do primeiro. A destinação, pelo PM, de uma quantia à mulher de Jair Bolsonaro perdeu a relevância merecida, mas não a importância. Antes de qualquer outra consideração, trata-se de um fato que tem como interesse central o futuro presidente da República. Ele, sua demora em abordar o fato e a vulnerável explicação que deu.
Ainda que seja verdadeiro o alegado empréstimo de R$ 40 mil a Queiroz, dos quais o cheque de R$ 24 mil para Michelle Bolsonaroseria quitação parcial, essa afirmação de Bolsonaro fica longe do necessário. Não informa, por exemplo, quem concedeu o empréstimo, o que importa até por não cumprimento da exigência legal de declaração à Receita. Mas importa, sobretudo, para verificação da saída e da entrada do dinheiro, se reais entre quem emprestou e quem recebeu. É o começo do teste de comprovação que Bolsonaro não deu, nem sugeriu.
A volta parcial do empréstimo foi em cheque, mas a ida pode ter sido em dinheiro. O que já seria anormal, considerado o valor de R$ 40 mil. E ainda pior, dada esta sentença recente de Bolsonaro: "Ninguém dá dinheiro sujo em cheque". Razão bastante para que o país não fique sem as informações básicas sobre esse caso, como a prova dos cheques de empréstimo e da finalidade desse empréstimo.
A esta altura, a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e seus procuradores já deveriam saber e informar tudo sobre a movimentação financeira de R$ 1,2 milhão do PM em 2016, com entrada e saída do dinheiro, sua origem e seu destino, e a necessidade do empréstimo de R$ 40 mil por quem recebeu 15 vezes isso no ano. Mas Sergio Moro se deu por satisfeito com a explicação vazia de Bolsonaro, e Moro tem bastado para a PF, para o MP e para outros.
É a moralização em marcha.
Um só
De 1986 para cá, o cartel dos ônibus no Rio deu dinheiro —em doação legal ou suborno ou ambos-- a todos os governadores fluminenses, com uma só exceção: Brizola. Depoimento, em juízo, do empresário e chefe desse cartel, Jacob Barata.
Duas figuras se destacam no rio de dinheiro. O ano inaugural foi o de um acerto que bancou, juntando donos de ônibus e empreiteiros, o alto custo da eleição de Moreira Franco para o governo. Sérgio Cabral, por sua vez, recebeu do cartel dos ônibus R$ 145 milhões, parte deles para campanhas de outros.
Paralelos
A tensão provocada pela violência desanuviou muito uma parte do Rio —a zona sul e a Barra. Não as áreas mais próximas da Baixada Fluminense, onde a grande favelização é o terreno das operações antitráfico.
Mas os militares da intervenção anteveem a volta de problemas maiores, com a chegada de novo governo estadual. É que os planos do eleito Wilson Witzel, entre os quais a extinção da Secretaria de Segurança, interrompem o atual trabalho e, acham os militares, não o substituem por nada promissor. Witzel mostra muitas semelhanças com Bolsonaro.
Batalhas
Pela segunda vez, Bolsonaro tenta conter as divergências e disputas no seu círculo submetendo-as à censura. Se obedecida, a ordem obtém silêncio, não entendimento. Mas nem o silêncio é esperado. Como o maior interessado não é capaz de encaminhar composições, e os demais são as peças opostas entre si, não há o que ou quem mude a situação. Assim, daqui a duas semanas, eles estarão levando a inconciliação, intacta, para cargos de governo. Ou trincheiras.
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