Pode-se discordar do regime cubano e lamentar o desastre causado por Maduro, mas para todos os efeitos formais os países que eles presidem são nações amigas
Por Maílson da Nóbrega - VEJA
O presidente eleito Jair Bolsonaro e seu futuro ministro de Relações Exteriores anunciaram hoje que os presidentes de Cuba e da Venezuela não serão convidados para a próxima cerimônia de posse do cargo de presidente da República. Tudo indica que se trata de caso inédito.
Pode-se discordar do regime comunista cubano e lamentar o desastre causado ao povo venezuelano pela administração de Nicolás Maduro, mas para todos os efeitos formais os países que eles presidem são considerados nações amigas.
Nações amigas foi a expressão utilizada por D. João VI quando abriu o Brasil para o comércio com outros países, logo que a família real portuguesa chegou por aqui em 1808. Nação amiga é, por definição, aquela com as quais mantemos relações diplomáticas.
Se o Brasil mantém relações diplomáticas com Cuba e Venezuela, para as quais exportamos bens e serviços, não convidar seus presidentes para a posse de Bolsonaro constitui uma descortesia, que pode resultar em retaliações, seja de comércio, seja de finanças (os dois países são nossos devedores). O Brasil nada ganha com esse gesto, a menos que Bolsonaro pretenda romper relações com os dois países.
Para complicar, o chanceler venezuelano, Jorge Arrreaza, afirmou neste domingo que Maduro foi convidado. Ao que parece, o convite terá sido automaticamente enviado pelo Itamaraty, como aconteceu em todas as posses de presidentes do Brasil.
Se for assim, junta-se o vexame à descortesia.
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