segunda-feira, 10 de setembro de 2018

As ilusões, a intriga e o dever de enfrentar

POR FERNANDO BRITO ·No TIJOLAÇO
Tem gente que acha mesmo que o eleitor flutua como biruta de aeroporto, para um lado e para o outro ao sabor dos ventos da mídia.
Sim, é claro que há uma flutuação em função da propaganda – e a mídia é a mais poderosa ferramenta desta propaganda – mas ela não ocorre, salvo muito eventualmente, na formação do essencial na consciência popular.
No caso das eleições em curso, este núcleo eleitoral é, provavelmente, muito mais “duro” que em qualquer outro que tenhamos vivido recentemente.
Não fosse assim, como explicar que -antes de autoritariamente excluírem seu nome das pesquisas – Lula andasse beirando os 40% das intenções de voto, depois de ter sido amarrado do pelourinho da imprensa e vergastado como poucos por um Judiciário que parece ter um só veredito: o de afastá-lo das eleições?
A rigor, era tanta a convicção de que ele estava acabado que – exceto Guilherme Boulos e Manuela Dávila – todos os candidatos se associaram à surra midiática e não perdiam oportunidade de fazer coro aos impropérios dirigidos ao ex-presidente.
Os fatos, claro, mostraram que as coisas não eram assim, tanto que, exceto Bolsonaro, agora todos os candidatos querem o espólio dos votos de Lula, alguns mudando – ainda bem – inclusive o tom de seus discursos, como é o caso de Ciro Gomes.
Como disse mais cedo, o processo eleitoral – justamente porque o tornaram um pântano de interferências e casuísmos -está começando agora, com iminente formalização de Fernando Haddad como “candidato do Lula”.
Ser o candidato do Lula não é o mesmo que “se for o candidato do Lula” na hora de decidir e manifestar o voto. A primeira expressão é uma definição, a segunda, apenas uma possibilidade.
Mas, então, porque o PT e Lula insistem com recursos e apelos judiciais que retardam essa substituição e fazem o que os colunistas de política chamam de “dança à beira do abismo”.
É tão simples que é esquecido: quem é vítima de uma injustiça deve proclamar sua inocência até a morte, se necessário, ou se curvará a ela.
São sutilezas que a decência e a fidelidade do voto do povão têm e a crônica política que muitos de nós, que fazemos análises políticas, não conseguimos compreender.
Mas que existem e se provarão.

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