A sucessão presidencial não recebe, a dois meses das urnas, a atenção dos eleitores
Janio de Freitas – Folha de S.Paulo
Nesta semana começa o processo formal das eleições, mas a sucessão presidencial que enche jornais e tempo de TV não recebe, a dois meses das urnas, a atenção dos eleitores. É raro constatar ou saber que o tema eleitoral motivou uma conversa. Bolsonaro está em evidência, sim: como pessoa, pela mentalidade tacanha, pela ignorância patética, às quais não faltam repúdio nem acompanhantes.
A nova etapa da sucessão começa com as convenções que, ontem, oficializaram a candidatura de Manuela D’Ávila pelo PC do B e seguem até domingo com a esperada aprovação de mais oito candidatos.
A primeira delas hoje mesmo, na convenção do MDB em Brasília, com todos os sinais de ser uma aprovação em que não se deve crer. A insistência de Henrique Meirelles dobrou o partido para aceitá-lo, não para assegurá-lo de apoio junto às bases partidárias. O ex-ministro da Fazenda acredita na força dos recursos financeiros, dezenas de milhões do próprio bolso, e da força de tal arma ninguém deve duvidar. Apesar disso, outros candidatos já contam com a colaboração de emedebistas, clandestina ou nem tanto.
Em menor proporção, o mesmo problema acomete a candidatura de Geraldo Alckmin, a ser consagrada, sábado, na convenção do PSDB em Brasília. Não há dúvida de que, se não começar em breve a prometida melhoria nas pesquisas, Alckmin perderá a fidelidade de bolsões do centrão recém-conquistado. E do MDB que Michel Temer ainda controla, com o improvável Meirelles só para os ingênuos.
Ainda no sábado, Álvaro Dias será oficializado pelo Podemos, uma candidatura que tem condições de aparecer, mesmo com as dificuldades do partido para o jogo maior. A Rede faz o mesmo com sua criadora, Marina Silva, e o Novo, com João Amoêdo. No domingo, o PRTB faz o de sempre com o Levy Fidelix, e o PPL terá João Vicente Goulart.
O caso especial será a convenção do PT, no sábado em São Paulo: apesar de tudo, o lançamento da candidatura de Lula. O que resultará daí não pode passar, por ora, de especulação barata. Certa é a complexidade da situação em que o candidato com farta maioria no eleitorado está sob risco de não ser registrado pela Justiça Eleitoral, no regime de democracia em que, como princípio, a preferência da maioria prevalece.
Às convenções seguem-se os registros. E a complexidade sai das hipóteses para a inquietante vida da realidade.
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