quarta-feira, 9 de maio de 2018

Quanto tempo a inflação resiste ao dólar a 3,61?

POR FERNANDO BRITO · 09/05/2018



No momento em que escrevo, o dólar é negociado a R$ 3,61.

Uma variação de 15% sobre sua cotação de 12 meses atrás: em 9 de maio de 2017, a cotação estava em R$ 3,18.

Hoje ou amanhã, a Petrobras anunciará novo reajuste dos combustíveis, pressionados pela alta do petróleo, que segue subindo depois do “rompimento moderado” de Donald Trump do acordo atômico com o Irã, porque desacompanhado (ainda) de sanções econômicas.

Há um limite para que a baixa demanda por produtos “segure” a inflação em níveis relativamente baixos.

A fala do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, insinuando que os juros ainda podem cair, não recebeu crédito nem mesmo entre os “adoradores do BC”.

O motivo é simples: a alta da moeda americana vai, necessariamente, refletir-se na taxa de inflação e, portanto, no juro real.

Porque sem uma política de compensações, um aumento no dólar não será absorvido sem repasses pelo mercado.

No final do ano passado, entre as 57 empresas que detinham metade da dívida das dívidas de pessoas jurídicas, 40% dos compromissos eram em dólar, contra 28% em 2014.

Não há mágica em economia.

O que há é uma tranquilidade aparente, dados os compromissos da imprensa com o modelo de estagnação e arrocho fiscal que se implantou aqui como se implantou na Argentina, que acaba de se esborrachar contra a parede.

Os argumentos de que a situação é diferente da de nossos vizinhos – em razão das fortes reservas cambiais acumuladas nos governos petistas – são apenas parcialmente verdadeiros. Um movimento mais forte de venda de dólares pelo Banco Central representaria, como de alguma forma já representa, mais especulação contra a moeda brasileira.

Com a crise externa que não dá qualquer pinta de caminhar para acalmar-se e as incertezas eleitorais que só aumentam, vai se criando um caldo fortemente inflamável

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