quarta-feira, 9 de maio de 2018

CNT divulga segunda-feira 1ª pesquisa sem Barbosa


POR FERNANDO BRITO · No TIJOLAÇO


Os que especulam sobre quem seria o “beneficiário” da desistência de Joaquim HuckBarbosa vão ter material para suas análises apressadas na segunda-feira, data a partir da qual está liberada a divulgação da pesquisa registrada ontem pela Conferderação Nacional dos Transportes, através da empresa MDA. É uma pesquisa tradicional, que esta em sua 136ª rodada e, por isso, permite comparações.

As perdas e ganhos dos demais candidatos, porém, não podem ser aferidas assim, ao sabor de superficialidades aritméticas do “mais um ponto, menos dois pontos”.

A “conta” política é, neste caso, francamente favorável à esquerda, porque significa que sai da disputa alguém que, apoiado por interesses conservadores, poderia criar confusão na cabeça do eleitor.

Ciro Gomes, em primeiro lugar, porque deixa “solteiro” o PSB para, em aliança formal ou informal, apoiá-lo, especialmente no Nordeste, onde a entrevista do governador maranhense Flávio Dino (PCdoB) mostra que não são suficientes as burradas do ex-governador do Ceará para interditar o caminho de uma aliança, caso persista o bloqueio à candidatura Lula.

Lula, por sua vez, sabe que anunciar agora o apoio a um “substituto” seria um duplo desastre.

Primeiro, enfraqueceria sua defesa, que perderia o seu eixo principal (e verdadeiro): a prisão do ex-presidente é, antes de tudo, apenas uma fórmula para evitar que dispute e ganhe as eleições presidenciais.

Em seguida, reduziria seu capital político, que tende a crescer quanto mais os outros concorrentes seguem embolados em degraus bem abaixo do patamar onde o ex-presidente se encontra. Nesta situação, apoio é algo que não se pode dispensar e muito mais ainda o do líder, disparado, das pesquisas de opinião.

Há, ainda, um terceiro fator, ainda não muito claro mas, a confirmar-se, certamente mais importante: os sinais de um aprofundamento da crise são evidentes e muito agudos. Recorde-se que o bem é lentamente percebido, mas o mal é imediatamente sentido.

A Argentina, aliás, fica aqui do lado.

No campo conservador, é certo que Geraldo Alckmin lucra com o sumiço de um candidato que poderia “comer” seus votos na elite, mas sua situação de subnutrição eleitoral é tão dramática que admite até roer os ossos do Governo Temer para chegar ao segundo turno.

Marina Silva, o ectoplasma da política brasileira, é algo difícil de avaliar pois, afinal, só existe nas pesquisas eleitorais. Não tem, como é possível sentir na vita prática, existência material e vaga apenas no mundo dos que crêem em sua existência.

A ausência de Joaquim Barbosa no processo eleitoral, sob todos os pontos de vista, ajuda a que haja uma mais clara compreensão do processo polar que, queira-se ou não, a eleição tende a tomar e, no qual Lula, candidato ou indicador de candidato, será a força decisiva.

Se Ciro Gomes quiser, tem tudo para ser o estuário desta força. Mas terá de reabir os canais com uma posição muito clara de solidariedade a Lula e ao PT. Não sou dos que enxergam como algo impossível: afinal, ele o fez (muito mais que nos seus rompantes e palavras) na prática, quando chega a “hora H”, desde o segundo turno de 2002.

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