domingo, 1 de abril de 2018

Jucati é a cidade pernambucana com melhor desempenho em alfabetização

Do JC
Avaliação Nacional de Alfabetização revelou que 95% dos alunos foram bem em escrita e 86% em escrita

Em Jucati, crianças tiveram bom desempenho em leitura e escrita
Foto: Diego Nigro / JC Imagem


Jucati, no Agreste Meridional, a 213 quilômetros do Recife, é a cidade pernambucana que mais se destaca na alfabetização dos estudantes. Chama a atenção o desempenho do município, que tem cerca de 11 mil habitantes, na Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), realizada pelo Ministério da Educação (MEC). Nove de cada 10 crianças tiveram aprendizado adequado em leitura e oito em escrita. Bem contrastante com o resultado do Estado, onde sete em cada grupo de 10 alunos ficaram nos níveis insuficientes de leitura e cinco em escrita.

A continuidade da gestão é uma das justificativas apontadas pela secretária municipal de Educação, Eliza Lúcio, para a boa performance. Ela comanda a pasta há 17 anos. Assumiu em 2001 e está na sexta gestão. “No início, encontramos uma rede não muito articulada. Investimos na formação dos professores, acabamos com as turmas multisseriadas, melhoramos o transporte escolar, antes feito em caminhões e que desde 2011 passou a ser em ônibus”, enumera, ressaltando a importância do trabalho em equipe.

Segundo a ANA, aplicada em 2016, 95,18% dos alunos de Jucati estão nos dois melhores níveis de leitura (considerados adequado ou desejável) e 86,3% em escrita. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), outro indicador de qualidade calculado pelo MEC, o município ficou, em 2015, com média 6 nos anos iniciais do ensino fundamental (a meta era chegar a 4,8 somente em 2021) e 4,9 nas séries finais (a meta para 2021 era 4,5).

Maria Raquel Costa, 14 anos, está no 9º ano da Escola Municipal Albino Moreira, no Centro. Ganhou, ano passado, o concurso Aluno Nota 10. A Secretaria de Educação escolhe o melhor estudante de cada série e dá prêmios a eles. São observados notas, frequência, participação e comportamento. “Moro em um sítio, na zona rural de Capoeiras (município vizinho de Jucati). Sempre ouvi falar bem da educação em Jucati. Em 2017 vim estudar na cidade. Gosto muito. E fiquei feliz em ter sido a aluna nota 10”, comenta Raquel.

NOTA BAIXA

Em Iati, na mesma região, não há motivo para comemorações. De acordo com a ANA, a cidade ocupa o primeiro lugar no ranking de pior desempenho em leitura do Estado. Lá, 84,49% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental ficaram com resultado insatisfatório. Em escrita, o município é o terceiro mais fraco: 60,23% dos estudantes estão nos três níveis insatisfatórios da avaliação. Em primeiro e segundo lugares aparecem, respectivamente, Lajedo (65,13%) e Lagoa do Ouro (62,28%).


A Escola Municipal Lourenço Pereira de Albuquerque, no povoado Tancredo Neves, a seis quilômetros do Centro, é o exemplo do improviso. O prédio não dispõe de energia elétrica. Funciona por meio de uma gambiarra, puxada do poste que fica em frente ao imóvel. A unidade foi inaugurada em 2014 sem estar concluída. Os 369 alunos da educação infantil ao 9º ano do fundamental sofrem com banheiros inacabados e salas sem portas.

“O pior é que não podemos mexer em nada, por determinação da Justiça. Houve mau uso do dinheiro público na gestão anterior e por isso estamos bloqueados junto ao MEC. A Creche Eulália Monteiro também foi construída mas nunca, inaugurada”, explica o secretário de Educação de Iati, Paulo Lins. Ciente da necessidade de investir na educação municipal, ele propôs, ano passado, a implantação do Pacto pela Educação de Iati.

O cenário observado na creche é o retrato do desperdício. Colchões mofados, máquinas de lavar encaixotadas, cadeirões para alimentar bebês empilhados, salas vazias, brinquedos quebrados. O investimento da União foi de R$ 1,1 milhão. “É humilhante ver isso tudo se estragando. Ter uma creche na rua de casa e não funcionar. Levamos as crianças no sol para um prédio distante e sem estrutura”, lamenta a agricultora Quitéria da Conceição, 42, que cria um neto de 4 anos.

Em Garanhuns, uma das ações para melhorar os indicadores de alfabetização é oferecer aulas no contraturno para crianças com dificuldade no aprendizado. A professora Edja Leite é uma das responsáveis pela atividade na Escola Municipal São Francisco de Assis. “Tenho alunos do 3º ano sem saber o alfabeto”, conta. A cidade, segundo a ANA, tem 72,75% de alunos com desempenho ruim em leitura e 54,83% em escrita.
DESEMPENHO NO AGRESTE MERIDIONAL

Segundo a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), veja as cinco cidades com melhores e piores desempenho em leitura e escrita entre as 26 que compõem o Agreste Meridional pernambucano

Leitura

Melhores
1º – Jucati 
2º – Tupanatinga 
3º – Saloá 
4º – Paranatama
5º – Terezinha

Piores 
1º – Iati 
2º – Palmerina 
3º – Pedra 
4º – Águas Belas
5º – Correntes

Escrita

Melhores
1º – Jucati 
2º – Tupanatinga
3º – Paranatama 
4º – Jupi 
5º – Itaíba

Piores 
1º – Lajedo 
2º – Lagoa do Ouro 
3º – Iati 
4º – Pedra 
5º – Corrente

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