sábado, 21 de janeiro de 2017

Lava Jato quebrou empreiteiras, que podem quebrar os bancos

Fragmento do  texto de Eduardo Guimarães  no Blog da Cidadania
Resumo da ópera
Um amigo jornalista produziu um excelente resumo da situação em que nos encontramos.
Segundo ele, a receita conservadora está clara. Querem inabilitar o Lula para a eleição de 2018, prendendo-o ou tornando-o inelegível. O setor de centro esquerda ficaria sem canal institucional de atuação, quadro político parecido com o da Colômbia, onde a esquerda A acabou na clandestinidade.
A direita sabe que o passo seguinte da inabilitação do Lula seria os movimentos sociais e populares radicalizarem, de modo que a PM paulista já se reequipou – equipamentos usados em recente ação de reintegração de posse na zona Leste de São Paulo parecia os das tropas Israel na Faixa de Gaza.
A prisão do líder do MTST paulistano Guilherme Boulos mostrou que o caminho dos golpistas será prender lideranças de oposição para criar medo de divergir do regime – Boulos foi acusado de protestar anteriormente contra Michel Temer, como se fosse proibido protestar contra presidentes da República.
Mas o país vai explodir de qualquer jeito porque há outro fato grave, a economia. A crise das empreiteiras ja bateu nos bancos. Ninguém está pagando empréstimos. Vamos ver um quadro louco de banco pedindo para baixar juros porque a economia parou.
Segundo o amigo que produziu a análise, é como se o senhor de engenho dissesse ao capataz: “Não bate tanto nos escravos porque se não eles não aguentam colher a cana”.
Fora isso, há o cenário externo. Com protecionismo (Trump, Brexit etc.) não haverá como recorrer à poupança externa.
Quatro motores poderiam alavancar economia brasileira:
1 – Consumo das famílias, mas elas estão quebradas;
2 – Investimento externo, mas ele está parado; perspectiva de que o FED (Banco Central norte-americano) suba juros nos EUA vai manter capital especulativo por lá;
3 – O capital nacional, que poderia atuar para tirar a economia da depressão, está na cadeia;
4 – Sobra o investimento público, mas está estrangulado pela PEC 55, o famigerado teto de gastos públicos que fará o investimento público ser cada vez menor nos próximos 20 anos, levando o Brasil à estagnação.
Trabuco, do Bradesco, veio a público tentar injetar otimismo e afastar o risco sistêmico imanente, mas pode ser tarde demais. Os bancos estão preocupadíssimos com 2017. Não é com 2018, é com este ano mesmo (!).
Quadro é trágico: Estado policial impedindo o líder da oposição de disputar eleições, economia em frangalhos, caminho aberto para o fascismo, que está bem vivo. Recentemente, o diário inglês Financial Times associou o deputado de extrema-direita Jair Bolsonaro ao nazifascismo.
Eis no que deu o esforço desumano (literalmente) para tirar o PT do poder. Em benefício do preconceito, da ignorância, do autoritarismo, da ganância, os golpistas supracitados atiraram o país em um abismo do qual levará décadas para sair. Talvez nenhum de nós esteja mais vivo quando isso acontecer.

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