Assim
como um ateu é um crente que ainda não recebeu um diagnóstico de doença
terminal, um opositor dos privilégios é apenas um aproveitador
despudorado que ainda não entrou num jatinho da Força Aérea Brasileira.
Em
2013, ainda sob Dilma Rousseff, a FAB, com pouca força e cada vez mais
brasileira, revelou-se uma espécie de Casa da Mãe Joana com asas. Na
oposição, o PSDB tomou as dores do contribuinte.
Sob
Michel Temer, até tucano se comporta como se tivesse nascido com asas
da FAB grudadas no dorso. Em cinco meses da gestão Temer, os ministros requisitaram 781 voos da FAB. O Estadão revela que essas requisições ferem as normas em pelo menos 238 casos.
O campeão em milhagem no programa Bolsa FAB é
o ministro Alexandre Moraes (Justiça), egresso do secretariado do
governador tucano de São Paulo Geraldo Alckmin. O vice-campeão é o
ministro José Serra (Relações Exteriores), um grão-tucano de fina
plumagem.
Na
farra de 2013, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), então líder do
PSDB no Senado, apresentou um requerimento exigindo informações à Força
Aérea. Hoje, o tucano Aloysio é líder do governo Temer na Câmara Alta.
Está em silêncio. Para o governo, tudo está normal.
Dono
da chave do cofre, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) também
integra o ranking de autoridades que retiram jatos da FAB para viagens
que têm como destino ou origem a cidade onde mantém domicílio. A lista
inclui também ministros como Gilberto Kassab (Comunicações) e os
palacianos Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria
de Governo).
A
FAB se recusa a informar quanto gasta no custeio da fuzarca aérea.
Alega-se que ''o custo da hora de voo das aeronaves militares é
informação estratégica e, por isso, protegida''. Heimmm?!?!?
Tudo
é protegido em Brasília. Só o bolso do contribuinte não dispõe de
blindagem. Uma vez que o privilégio é institucionalizado, a desfaçatez
vira religião. Do contribuinte, espera-se que pague os impostos em dia,
diga ‘amém’ e não chateie.
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