Ativa militante da "massa cheirosa" do PSDB, a colunista Eliane
Cantanhêde está preocupada com os rumos da midiática Operação Lava-Jato.
Em artigo publicado no Estadão no último domingo (6), ela alerta que "o
tsunami está chegando" e faz um apelo aos "justiceiros" do Paraná: não é
hora "de brincar com fogo". Antes, a jornalista estava excitada com as
"delações premiadas" – e premeditadas – que atingiam as lideranças do PT
e fustigavam a imagem do ex-presidente Lula. Agora, talvez com
informações privilegiadas do juiz Sergio Moro – que sempre manteve
íntimas relações com a mídia –, ela parece recear pelo futuro dos
tucanos e pela própria sorte do covil golpista de Michel Temer.
Ela explica as razões dos seus temores. "Na superfície, o Congresso
discute a PEC dos gastos e as eleições para as presidências de Câmara e
Senado e para as lideranças de blocos e partidos. Nas profundezas,
sofre, sem saber (e sem ter) o que fazer, diante do tsunami que começa
nesta segunda-feira: a meia centena de delações da Odebrecht sobre as
relações promíscuas com o mundo político... Pelo que foi vazado, serão
listados de 150 a 300 políticos de praticamente todos os partidos. Isso
abre uma nova era na Lava Jato, que não só deixa estressados deputados,
senadores, governadores, prefeitos e seus antecessores, como também
exige enorme responsabilidade da Justiça, MP e PF".
"Se os investigados estarão alvoroçados, os investigadores – e a
mídia – estarão entre duas pressões políticas e psicológicas: de um
lado, a acusação de que a Lava Jato é uma armação demoníaca só para
eliminar o PT; de outro, o pânico nos três Poderes de que todos os
políticos e partidos sejam jogados na fogueira, arrastando o Congresso,
pilar da democracia, para os quinto dos infernos. Juízes, procuradores e
policiais não raciocinam (ou não deveriam raciocinar) subjetivamente,
com base em consequências políticas, mas sim objetivamente, atentos a
fatos, crimes e criminosos. Mesmo assim, é preciso frieza e maturidade
para se equilibrar entre essas duas pressões e com a opinião pública
querendo sangue e linchamentos".
A TPM de Michel Temer
O interessante é que Eliane Cantanhêde nunca antes fez este apelo à
"frieza e maturidade" – e poderia acrescentar, à imparcialidade – dos
carrascos da Lava-Jato. Antes, ela reforçava o coro por "sangue e
linchamentos". O que mudou, então? Agora ela teme que as delações
finalmente atinjam os políticos que promoveram o "golpe dos corruptos" –
desde o cambaleante Aécio Neves até o Judas Michel Temer. Com esta
preocupação, ela pede piedade a quem usou recursos do caixa dois "para
sua campanha, conforme a lei em vigor". Ela enfatiza: "Fazer carnaval,
ou manchete, com o fato de fulano(a), beltrano(a) e sicrano(a) receberem
financiamento da Odebrecht para concorrer a algum mandato não ajuda o
processo, não clareia o mundo no mínimo nebuloso das campanhas e não
educa a opinião pública para a importância da política limpa e para os
perigos da corrupção. Logo, é um desafio e tanto, com a patrulha na cola
e as estruturas do Congresso tremendo".
Novamente, a pergunta: mas o que mudou? O que explica o medo da
"massa cheirosa" do PSDB? Uma notinha da Folha no mesmo domingo talvez
explique a mudança. "O governo de Michel Temer está de TPM – 'Tensão
Pré-Marcelo'. É altíssimo o nível de apreensão com a delação de Marcelo
Odebrecht e dos demais executivos da empreiteira. A avaliação no
Planalto é que os esperados vazamentos dos capítulos da colaboração
premiada conturbarão o Congresso e atrapalharão votações importantes em
2017, como a reforma da Previdência". Há, ainda, o receio de que o
usurpador não chegue ao fim do seu ilegítimo mandato, em 2018. O quadro
seria de forte turbulência no Brasil.
A mesma Folha noticiou no domingo que os maiores empresários do país
estão assustados com os rumos das investigações. "Prevendo o que têm
chamado de um cenário de terra arrasada, importantes setores da economia
iniciaram uma série de conversas com parlamentares para pressionar o
Congresso a aprovar medidas capazes de limitar possíveis danos
provocados pelo avanço da Lava Jato. Pesos pesados do PIB abraçaram nos
bastidores projetos como a anistia ao caixa dois e o novo marco para
acordos de leniência sob o argumento de que é preciso criar mecanismos
legais que garantam punição aos que praticaram crimes, mas impeçam a
'quebradeira generalizada' do país".
A conferir, o que vai rolar de tão bombástico no cenário político nos
próximos dias. Uma coisa é certa: adrenalina não vai faltar!(Do Blog do Miro)
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