Desde
a vitória no primeiro turno no domingo, o prefeito eleito de São Paulo,
João Doria, adota um comportamento extremamente político para quem
continua batendo na tecla de que será exclusivamente um gestor. Aliás,
nada mais político do que negar a política.
A
respeito da decisão de elevar a velocidade nas marginais, Doria não age
como gestor, mas como dono da verdade. Na “Folha de S.Paulo”, ontem,
ele afirmou: “A decisão está tomada. Pode piar, pode reclamar. Ela vai
ser adotada”.
Ora,
anteontem, no “Estado de S.Paulo”, havia uma reportagem mostrando que o
número de mortes caiu três vezes mais na capital paulista do que no
Estado no período entre janeiro e agosto. No caso, são dados do Infosiga
(Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São
Paulo). É um órgão do governo do Estado, comandado pelo padrinho
político de Doria, Geraldo Alckmin, e que tem parceria com um conhecido
grupo de gestão, o Instituto Falconi, e empresas do setor privado, como a
Ambev, que é reconhecida pela boa administração.
O
que realmente faria um gestor que vai assumir daqui a três
meses? Avaliaria esses números. Se achar que, mesmo assim, deve aumentar
a velocidade nas marginais. Deveria dizer que faria uma experiência de
seis meses para avaliar os números e que poderia rever novamente a sua
decisão.
Mas
é autoritária a forma como Doria trata de um tema que pode significar
menos ou mais mortes na capital. A elevação das velocidades nas
marginais poderá se revelar o capítulo inicial de retrocessos em boas
políticas públicas em São Paulo.
Dilma
era vendida como uma execelente gestora, mas se mostrou extremamente
autoritária ao decidir quais políticas aplicar. Resultou num desastre.
Que fique a lição.
No
PSDB paulista, pegou mal Doria falar por Alckmin a respeito da
permanência no partido em caso de o governador não ser escolhido
candidato da legenda à Presidência em 2018. Afinal, são auxiliares
do próprio governador que estimulam a possibilidade de ida dele para o
PSB.
A
respeito do ex-presidente Lula, Doria deu uma declaração inicial em
resposta ao petista, que o chamara de aventureiro, dizendo que o
visitaria em Curitiba. Falou no calor da vitória, no domingo, o que é
compreensível diante da crítica de Lula.
Hoje,
na Folha, Doria acrescentou que levaria chocolates e um cisne para Lula
numa eventual prisão em Curitiba. No dia em que o ministro Teori
Zavascki criticou com razão o tom midiático da forma como o Ministério
Público apresentou a denúncia contra Lula, a declaração de Doria soa
justamente midiática e até cruel.
Um
prefeito que vai lidar com tantos problemas e que precisa fazer uma
transição com Fernando Haddad, que se mostrou gentil e solícito,
precisaria descer do palanque para obter resultados mais eficientes,
como gostam de dizer os gestores.
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