Há um enorme grau de desinformação
da força tarefa da Lava Jato, dos procuradores e delegados ao juiz
Sérgio Moro em relação à higstória da Petrobras e a aspectos básicos do
mundo de negócios, especialmente aqueles que envolvem as relações
políticas de alto nível.
Alguns pontos para evitarem o tom taxativo de informações falsas.
1. A corrupção da Petrobras começou em 2003
Sugiro acompanhar o caso German Efromovich, em pleno governo FHC.
Dono de uma empresa de pequeno porte
que prestava serviços de manutenção submarina na área de petróleo,
German aproximou-se do ex-presidente da Petrobras Joel Rennó, e do
superintendente de engenharia Antônio Carlos Agostini.
Graças a esses contatos, conseguiu
que sua empresa, a Marítima, cujo capital não chegava a US$ 1 milhão
passasse a ganhar quase todas as concorrências da Petrobras para a
construção de plataformas de perfuração e exploração de petróleo.
Conseguiu contratos de valores superiores a US$ 2 bilhões.
O contrato mais valioso foi a
super-plataforma P-36, na época a maior do mundo. Para ser instalada, a
Petrobras precisou desembolsar US$ 45 milhões para suprir a parte do
contrato não cumprida pela Marítima.
Para assegurar a vitória da
Marítima, a jogada de Rennó foi definir um prazo de implantação
impossível, de 18 meses. A Marítima foi a vencedora de um contrato de
US$ 720 milhões. Constatou-se que não tinha nem projeto nem estaleiro
contratado, sequer financiamento. Mesmo assim, foi declarada vencedora.
A plataforma afundou na bacia de Campos (http://migre.me/r343u). Houve uma disputa jurídica interminável entre ambas as empresas.
2. José Dirceu não poderia ter prestado consultoria para empreiteiras por não ter estrutura de engenharia
A afirmação é do juiz Sérgio Moro.
Por ocasião da renegociação das
dívidas da AES com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e
Social), o ex-Secretário de Estados dos EUA Henry Kissinger foi
contratado para estabelecer contato com o banco.
Kissinger tinha acesso ao então
presidente José Pio Borges. Seu trabalho consistiu em um telefonema,
pelo qual foi remunerado por US$ 30 mil. Seu escritório tinha apenas ele
e em um assessor.
Redes de relacionamento, contatos
internacionais ou nacionais, conhecimento são ingredientes que valorizam
consultorias. Dependendo do nível de conhecimento, valem ouro, muito
mais do que uma consultoria técnica. Praticamente todos os
ex-presidentes dos EUA tornaram-se consultores, tendo como diferencial
os contatos internacionais.
O mesmo ocorre no Ministério Público Federal (MPF).
Os ex-procuradores gerais Antônio
Fernando de Souza e Aristides Junqueira são advogados de réus da Lava
Jato. Foram contratados por seu notório saber ou por suas relações no
poder judiciário?
Ex-Ministros do STF (Supremo
Tribunal Federal), aposentados, voltaram para a advocacia.
Ex-desembargadores, ex-juízes, ex-procuradores tornaram-se titulares de
bancas concorridas. O que têm de diferencial? Contatos no setor
jurídico.
No entanto, o juiz Sérgio Moro sustenta ser inverossímil os valores de consultoria pagos.
Na condição de consultor, Dirceu
abriu para a UTC e a OAS um contrato de US$ 1,2 bilhão no Peru. Segundo
os jornais, recebeu US$ 1,1 milhão de pagamento. Se tivesse cobrado US$
20 milhões, teria sido um pagamento modico.
Na verdade, não soube precificar adequadamente seus contatos internacionais, em Cuba, Bolívia, Peru, Venezuela, Portugal.
Se encontrar outros elementos de
incriminação, que se incrimine. Mas duvidar do valor das consultorias
denota um desconhecimento amplo sobre o valor dos contatos
internacionais.
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