De maneira escancarada, a revista semanal da Globo, assume seu alinhamento com a oposição, segue o grito de guerra do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pede à presidente Dilma Rousseff reconheça "erros de sua política econômica". Ou seja: Época quer que a presidente venha a público, em rede nacional, e diga: "fracassei". Mais do que isso, cobra ainda um duro arrocho fiscal e juros na lua. O problema (para Época) é que ela já avisou que não cairá no conto do vigário
247 - Por incrível que pareça, quando se trata
de economia, a revista Época, semanal da Editora Globo, consegue estar à
direita de Veja. E, em matéria de sutileza, ambas se igualam. Em seu
editorial desta semana, que abre a publicação, a revista nem se preocupa
em disfarçar seu alinhamento automático com as posições do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, regente maior da oposição. No
Brasil de hoje, é FHC quem dá o grito de guerra, que logo se espalha por
editoriais de jornais e colunas políticas e econômicas.
Duas semanas atrás, no artigo Beijar a Cruz (leia mais aqui),
o ex-presidente propôs que a presidente Dilma Rousseff abraçasse de vez
o receituário ultraortodoxo na economia, aumentando ainda mais os juros
e promovendo um duro arrocho fiscal. Neste fim de semana, Época indaga:
"Quando Dilma beijará a cruz?" E responde: "Já passou da hora de ela
reavaliar os erros de sua gestão na economia". No texto, a revista
prossegue: "chegará uma hora em que a presidente Dilma terá de beijar a
cruz em relação aos erros de seu governo na gestão da economia".
Ou seja: embora o desemprego no Brasil seja o menor da série
histórica do IBGE, Época gostaria que Dilma viesse a público, em cadeia
nacional de rádio e televisão, e dissesse: ""Gente, foi mal, fracassei".
Mais do que isso, a revista propõe em seu editorial que a presidente
abrace o mesmo receituário proposto por FHC: juros ainda mais altos e um
duro pacote fiscal. Talvez porque o aumento do desemprego e uma
eventual recessão sejam as esperanças da oposição para vencer em outubro
de 2014.
O problema (para Época) é que Dilma, no cada vez mais comentado
discurso do Velho do Restelo, já avisou que não cairá no conto do
vigário, seguindo a voz de conselheiros interessados justamente no seu
fracasso. E a revista Globo sabe disso. "Enquanto a reeleição estiver na
mira prioritária do Planalto, o mais provável é que Dilma continue a se
negar a beijar a cruz de um ajuste fiscal firme, a cada dia mais
necessário para reequilibrar a economia brasileira".
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