JÂNIO DE FREITAS *
O STF não tem a função nem o direito de impedir a tramitação, para recusa ou aprovação, de projetos
Surpresa não
chegou a ser, mas não era esperada. A resposta a um só tempo firme e
elevada do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, a Gilmar Mendes
foi além de sustentar o respeito à Constituição no trâmite do polêmico
projeto que reduz o acesso de novos partidos ao dinheiro do Fundo
Partidário e ao uso de TV (pago pelos cidadãos em geral). Por tabela,
Henrique Alves expôs a atitude contrária à Constituição, ao Estado de
Direito e à democracia do grupo de senadores que foi aplaudir(foto
acima), em pessoa, a interferência com que Gilmar Mendes, em nome do
Supremo Tribunal Federal, sustou a tramitação do projeto a meio do
caminho. É reconhecível, porém, que o grupo tinha motivação forte: os seus momentâneos interesses políticos e partidários, postos acima das instituições. Mas nisso não foi sequer original. A frouxidão das convicções democráticas tanto é uma constante na história parlamentar (idem no Supremo) como vimos o que decorreu, tantas vezes, de atitudes iniciadas por grupos e interesses assim no Congresso. Houve, porém, uma surpresa no caso atual: a presença do senador Pedro Simon (PMDB), alheio à sua história. Nas informações pedidas pela medida liminar de Gilmar Mendes, Henrique Alves sustentou que todos os passos da tramitação do projeto estão 'perfeitamente de acordo com a Constituição Federal e o estatuto interno, sendo corretos e juridicamente inatacáveis'. De fato, a polêmica foi em torno do projeto, não da tramitação, que foi sustada. Por seu lado, o organizador da visita de aplauso a Gilmar Mendes, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), contribuiu com uma manifestação interessante depois da conversa: 'Foi um bom encontro. Entendemos que o Supremo é o guardião da Constituição e cabe a ele a última palavra em matéria constitucional'. Muito bem. Mas não foi última, e sim a meio da normalidade de uma tramitação, a liminar aplaudida em pessoa também pelos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL), Aloysio Nunes Ferreira, Álvaro Dias e Ruben Figueiró, os três do PSDB; Pedro Taques (PDT), do tipo udenista retardatário; Ricardo Ferraço (PMDB), Ana Amélia (PP) e Antonio Carlos Valadares (PSB). Com destaque, além de Simon, para a presença alegre de Randolfe Rodrigues, há pouco ameaçado em telefonema de Gilmar Mendes, com este final na advertência: 'Eu sou um homem de enfrentamentos!'. Nenhum dos dez apresentou algum fundamento constitucional coincidente com a atitude do seu aplaudido. Porque o conhecem a seu próprio respeito: todos os parlamentares têm o direito e a função de apresentar os projetos que queiram, convenientes ou descabidos, e o STF não tem a função nem o direito de impedir a tramitação, para recusa ou aprovação, de nenhum dos projetos. Cabe-lhe, se convocado, examinar a adequação do projeto, caso aprovado, à Constituição. Essa é a 'última palavra'. E isso é a independência constitucional dos Poderes --que os dez senadores, com o apoio externo da também interessada Marina Silva, foram renegar. (* Folha de S.Paulo) |
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quinta-feira, 2 de maio de 2013
O APLAUSO CONTRA
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