sábado, 11 de maio de 2013

EDUARDO PRECISA DECIDIR ENTRE MORENA, ÉRICA OU LÍVIA MARINI


Por Fernando Castilho, do JC Negócios,

Agora que o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, se apresentou em rede nacional como possível candidato a Presidência da República, ainda que não tenha confessado esse desejo, cabem dois minutos de conversa sobre quais os próximos passos que agora terá que dar e decidir o que, afinal, ele vai fazer uma vez que todo mundo ficou sabendo das críticas que fez ao governo do qual ainda participa.

O programa do PSB teve uma plasticidade interessante para quem se apresenta ao País, mas parece claro que o governador usou-o para avisar que vai desembarcar do governo Dilma e seus amigos, mas não agora. Quando diz que “alcançamos e mantivemos a estabilidade econômica e tiramos juntos, mais de 20 milhões de brasileiros da miséria absoluta”, Eduardo Campos se inclui credor no saldo positivo dos Governos Lula e Dilma especialmente quando afirma que essas mudanças só foram possíveis porque “o alicerce de um amplo pacto social e político foi a união de forças que o país exigiu toda vez que precisou passar para um novo patamar histórico”. O problema é que dito desse jeito “ele” e o novo patamar histórico.

No fundo, no fundo, Eduardo Campos está, na política nacional, numa posição muito parecida com a do capitão Théo, da novela Salve Jorge, enrolado num romance entre três mulheres espetaculares sem saber o que fazer.

Mal comparando (em favor do ator Rodrigo Lombardi, é claro), Eduardo Campos precisa agora decidir se fica com a Morena, uma espécie de PT do capitão que, apesar das diferenças de classes sociais, ainda teria muito a lhe oferecer na comunidade se ele ficasse quieto; a tenente Érica, um exemplo típico do PSDB, de classe social mais alta, gente de bem, organizada e pra onde se bandeasse teria condições de viver na classe média tranquila já que, desde que era adolescente, vive com o grupo, embora não seja da mesma turma; ou se atira nos braços da perigosíssima Lívia Marini que tem um enorme potencial de risco, mas é a única forma de virar candidato e chefe de um novo grupo embora isso signifique ter que se juntar com uma patota de partidos que fariam os integrantes da gang que Marini comanda ser considerados meninos em termos de atos contra o eleitor.

O diabo é que o romance com Morena, do PT, e Érica, do PSDB, condenaria Eduardo Campos a uma vidinha mais ou menos. Filhos, família, seja na comunidade periférica ou num apartamento do programa Minha Casa, Minha Vida, com Morena. Assim como o casamento com a caserna, com a tenente Érica, onde iria trabalhar com a mulher na coudelaria do regimento e dividir os finais de semana com um coronel cuja mulher é um pé no saco em termos de conversa, além de ser um chiclete colado no sapato militar.

O problema é quando ele começa a cuspir no prato que vem comendo há anos sem sair da mesa, o que deixa a cada dia os seus aliados do PT mais irritados. Esse conversa de dizer que temos um “Estado que pouco tem avançado como provedor de serviços de qualidade e como agente de desenvolvimento”. E “que temos relações extremamente desiguais na divisão de recursos e responsabilidades entre a União, os Estados e os Municípios não foi dita antes de virar candidato e só teria sentido de não estivesse mais no governo”.

E quando adverte que “ou avançamos agora ou corremos o risco de regredir nas conquistas do nosso povo” e “reconhece que será necessário ter humildade de admitir e a coragem de enfrentar os problemas que estão aí, batendo à nossa porta” só serve para sustentar o futuro slogan da campanha e que “O Brasil precisa dar um passo adiante” significa dizer que vai sair pelo Brasil em campanha embora negue. E é ai que sua trajetória fica cada vez mais parecida com a do galã da novela.

O interessante de uma relação com a Lívia Marini, ou de uma campanha solo, é que, apesar de todo o risco, a perspectiva de um romance tórrido é muito mais desafiadora e estimulante. Não que Cláudia Raia seja menos desafiadora do que a Nanda Costa ou a Flavia Alessandra. A bem da verdade, com essa dupla qualquer brasileiro estaria próximo do Senado que, em termos de trabalho na política, é o lugar mais próximo do Céu que existe na terra. Mas, quem disse que Eduardo Campos está a fim daquela pasmaceira daquela casa de anciãos?

Para ele, bom mesmo é a perspectiva de uma carreira solo ainda que para isso venha juntos um pacote de gente e partidos que deixaria corados o Russo (Adriano Garib) e a malvada Wanda (Totia Meireles) em termos de periculosidade. Teria que gerenciar uma campanha se juntando com tudo que é gente interessada nos lucros de uma terceira via. E ainda os rancores da família de Morena, ou melhor, do PT, cuja mãezona Dilma Rousseff infernizaria sua vida. Assim como uma sogra chata como o Fernando Henrique Cardoso a patrulhar sua vida cotidiana. Mas e daí?

Daí é que, como o capitão, ele reclama, mas, não apresenta soluções para esse imbróglio amoroso. Certo, somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas falta infraestrutura para estocar e transportar a nossa produção. Bom qual é a sua proposta?

É verdade, temos a matriz energética mais limpa do planeta, e gastamos R$ 400 milhões por mês para manter termoelétricas poluidoras. Mas, se o mercado não tivesse inviabilizado o projeto teríamos aqui em Suape uma usina a óleo combustível.

Também é verdade que tiramos 20 milhões de brasileiros da pobreza, e que nos arredores do Distrito Federal, no Vale do Jequitinhonha, no Semi-árido, no Vale do Ribeira, temos um país que ainda não chegou ao século XXI. Bom, não precisava ir tão longe. A situação dos trabalhadores da Zona da Mata não difere muito dos que temos a menos de 100 quilômetros do Recife. E o governo do Estado fez o que para mudar estruturalmente isso?

Também é verdade que abrimos as portas da Universidade para brasileiros que nunca tiveram acesso ao Ensino Superior, que faltam creches, e no Ensino Fundamental, precisamos melhorar muito. Essa frase dá aos seus adversários o direito de perguntar: Certo, e como Pernambuco mudou isso?

Ainda bem que no programa do PSB está dito que temos um país que nos estimula e o dono de seu destino político, Eduardo Campos, candidato, não teria que assumir o comando do grupo de Lívia. Por que são os amigos dela que o assustam. O medo é o desconhecido de 2014. Mas, fazer o que com a perspectiva de noites tórridas num Brasil que mais parece a Turquia?

A possibilidade de ser o único assistente de danças privadas como as da Bianca (Cléo Pires) que Lívia Marini (lembre-se que Cláudia Raia já nasceu dançando) facilmente poderá lhe proporcionar, é o que o estimula. E mais: com que mulher ele estaria mais na mídia do que Lívia Marini, ou melhor, numa campanha solo?

Há um mérito do programa onde o governador ousa partir para o ataque de frente e diz que essa responsabilidade no sentido de mudanças não é apenas do Governo Federal e que é também dos Estados e Municípios, que precisam adotar uma nova prática política, com mais transparência e participação popular. Mas, que “faltam recursos aos Estados e Municípios”.

A afirmação agrada muito a governadores e prefeitos, afinal, o dinheiro hoje está mais concentrado nos cofres da União. Mas, de novo, abre a guarda para cobranças mais duras quando diz que Estados e os Municípios estão investindo mais do que o Governo Federal em setores como a Educação e a Saúde, pois, quem banca o Fundeb é a União e assim como a maior verba federal ainda é do SUS. De qualquer forma, ele faz bem ao denunciar que mudanças fundamentais continuam sendo adiadas.

Eduardo Campos sabe que seus passos abrem um risco potencial arrasador, caso a delegada Helô (Giovanna Antonelli), ou melhor, Lula venha com toda sua tropa em cima dele. Mas, e daí? Ele não quer Lívia Marini para ficar com ela para sempre. Uma campanha com todos os penduricalhos que se agregam a ela é feito uma grande paixão, tem prazo de validade. Um dia acaba e o sujeito pode voltar a viver a vida dele.

O problema é quando for preciso contrariar os interesses da velha política, que estão instalados na máquina pública. Como ele espera fazer uma aliança com os partidos que estão mais interessados em nacos do governo que em propostas? E o que espera prometer na campanha quando afirma que “cargo público, tem que ser ocupado por quem tem capacidade, mérito, sobretudo espírito de liderança”. Ou como pretende tirar “um incompetente, nomeado somente porque tem um padrinho político forte”.

Será que Eduardo acredita que, tornando-se potencialmente concorrente, pode responder a isso apenas com o sucesso de seu modelo de gestão agora replicado da Prefeitura do Recife por Geraldo Júlio? O governador, mais do que ninguém sabe fazer contas e deve ter segurança nessa afirmação.

Talvez, no fundo, Eduardo Campos deseje mesmo é o que o capitão Theo quer hoje enquanto briga consigo mesmo: noites de fortes emoções de uma campanha com ele no comando. Não quer a tropa de Marini, ou melhor, os partidos que tenta juntar para sócio. Muito menos os deseja como esposas num futuro governo. E não quer saber com quem a Lívia Marino, ou melhor, os aliados andam, ou o que comanda.

O que ele deseja é ser estrela de uma campanha presidencial, como estrela solo. Ou, deseja mesmo, levá-la de novo para uma cama king-size de um hotel cinco estrelas sob lençóis de 300 fios de algodão egípcio, ainda que tenha que conviver, por algum tempo, com um bando de malas. Talvez pense como a maioria dos homens e mulheres: Mais vale uma louca paixão do que uma vida de não.
atenciosamente,
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário