FERNANDO BRITO · no Tijolaço
O processo de autofagia do bolsonarismo segue a todo vapor, agora com a destituição da deputada Bia Kicis da liderança do Governo na Câmara, por ter votado contra a capitulação de Jair Bolsonaro à proposta de ampliação do Fundo de Educação Básica, o Fundeb.
Nenhuma novidade para uma representação política inorgânica, formada pela combinação de fanatismo ideológico e de oportunismo eleitoral, que mesmo antes da eclosão desta crise já conseguiram a proeza de “rachar” seu partido hospedeiro, o PSL, e perder Sergio Moro, para ficar apenas em dois episódios de suas disputas intestinas.
É mais significativo o episódio no que ele revela de mudança aparente na estratégia de Bolsonaro, até agora calcada na manutenção do quisto radical que lhe dava o controle sobre uma direita sem líderes capazes de lhe fazer frente.
Depois de ter desperdiçado o momento inaugural de seu mandato, quando as condições de construir uma base parlamentar, o ex-capitão só consegue montar uma aliança frágil e cara.
Frágil, como se mostrou na votação do Fundeb, vai se mostrar nos vetos inesperados no marco legal do saneamento e, veremos adiante, no pastiche de reforma tributária que Paulo Guedes levou ao Congresso.
E cara, como informa a Folha, ao aventar a possibilidade de entregar até o Ministério da Saúde – abarrotado de verbas não gastas com a pandemia – aos apetites do “centrão”.
Bolsonaro, sempre o homem do “eu sozinho” ensaia um mergulho numa pasta da direita mais fisiológica, uma espécie de cloroquina política que poderia salvá-lo de entrar num quadro de risco a sua sobrevivência, até agora contida nas quatro dezenas de pedidos de impeachment represados nas mão de Rodrigo Maia.
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