O Globo
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, hoje, que o presidente Jair Bolsonaro "desorganiza e gera insegurança" ao adotar uma postura de enfrentamento aos demais Poderes da República. Em transmissão ao vivo pelo Instagram, Maia falou sobre o assunto com o chefe do Departamento de Ciência Jurídicas da Uniara, Fernando Passos. Ao ser perguntado sobre a relação entre Legislativo e Executivo, Maia disse que Bolsonaro sempre teve o mesmo perfil. Mas, de acordo com sua avaliação, o cargo de presidente da República exige outro tipo de atitude.
"Quando você chega à Presidência da República, o seu papel é considerar. Você não é o presidente apenas dos que o elegeram. Você é o presidente de todos os brasileiros. Como o presidente foi eleito com muita força, foram muito ideológicos, o pessoal de extrema-direita nas redes sociais, ele tende a ser mais comprometido com eles. E quando tem um conflito, ele acaba atacando mais na linha do que ele fazia antes. Só que, como presidente do Brasil, cada vez que ele vai para o enfrentamento, ele desorganiza e gera insegurança", disse Maia.
O presidente da Câmara disse ainda que as conversas privadas com o presidente são boas, o "diálogo é muito positivo". "Mas, quando ele vai para uma entrevista, acaba gerando essa insegurança. O ideal, neste momento de pandemia, é que a gente conseguisse ter mais harmonia e menos conflito", acrescentou Maia.
Ainda na conversa transmitida pela rede social, Maia afirmou que dialoga com ministros do governo federal e do Supremo Tribunal Federal (STF): "O diálogo é o que resolve. O presidente tem que entender que ele é o chefe do Poder que comanda, que executa. Então, a gente precisa que ele comande de forma mais harmoniosa, respeitando os outros Poderes. Porque um Poder não deve servir apenas para dizer sim ao governo. O Parlamento serve para representar toda a sociedade, não apenas a parte que governa, e o Judiciário serve para garantir os limites dos outros dois Poderes. A gente não pode aplaudir uma decisão do Supremo com que concordamos e radicalizar contra uma decisão com que nós discordamos. Nós temos os instrumentos legais para recorrer."
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