quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Medo, ódio e o desejo de ‘prisão perpétua’ para Lula


Por Bernardo Gomes- no Tijolaço

O atual presidente da República ameaçou, às vésperas da eleição:

– ‘Seu’ Lula da Silva, vou te dizer uma coisa: você vai apodrecer na cadeia.

Fez a mesma intimidação ao seu adversário na campanha, e disse que seus opositores ou seriam expulsos do país ou iriam para “a ponta da praia”, macabra metáfora que se refere ao assassinato de ativistas políticos e sumiço de seus corpos durante a ditadura militar.

Hoje, a substituta do juiz que havia condenado Lula sem provas, por alegados “fatos indeterminados”, impondo-lhe a condição de preso político sem qualquer
direito e encarcerado em regime de isolamento, produziu uma nova sentença contra o ex-presidente. Condenou-o a 12 anos e 11 meses, por uma acusação
ainda mais frágil do que a anterior.

Tão frágil e descuidada, que na página 114 da sentença a juíza se ampara nas acusações de “dois co-réus”, “Léo Pinheiro e José Aldemário”, ignorando que
são nomes da mesma pessoa. Léo Pinheiro é o apelido pelo qual José Aldemário se tornou conhecido.

Somadas, as condenações impostas pelo juiz que ganhou um ministério no governo estabanado de Bolsonaro e por sua substituta significariam o cumprimento literal da ameaça do presidente. Na prática, seria uma prisão perpétua, sentenciada sem provas cabais, apenas por vingança e perseguição política, e com o objetivo de interditar a cidadania do maior líder popular do Brasil, hoje cotado para o Prêmio Nobel da Paz.

A intenção evidente é destruir Lula, em todos os sentidos. Mas a cruzada do lawfare não conseguirá diminuir a força vital, a grandeza de espírito e a coragem de Lula. Ainda que jogue no lixo as garantias individuais, o devido processo legal e o princípio constitucional segundo o qual ninguém pode ser preso até que tenha recorrido a todas as instâncias a que tem direito, espera-se que a injustiça contra Lula seja enfrentada tenazmente por ele e por todos os que o admiram.

Esta infeliz conjunção de interesses entre parte do judiciário e aqueles que chegaram ao poder não deve arrefecer a determinação de Lula, assim como
não pode vencer a resistência dos que o admiram e, aos poucos, dos que começam a perceber que foram enganados por uma onda de calúnias e fake news.

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