segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Bom senso

Ascânio Seleme - O Globo

O presidente do Senado, Eunício Oliveira, que não se reelegeu, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” que não lhe incomodou ter ignorado o pedido do presidente eleito. “Não me importo se Bolsonaro vai gostar ou não”, afirmou Eunício, responsável pela colocação do aumento do Judiciário na pauta. O senador denunciou ainda uma tentativa de constrangimento que sofreu em outro episódio. Segundo Eunício, Paulo Guedes teria dito a ele “ou você vota a Previdência ou o PT volta”. A informação não foi checada, mas, se existiu, confirma mais uma vez que é preciso cuidado para que a falta de jeito não vire marca registrada do novo governo.
O bom-senso recomenda cautela e muita saliva no tratamento das questões com o Congresso. Para cumprir uma de suas principais promessas de campanha, erradicar da prática governamental a troca de cargos por votos, Bolsonaro terá que negociar muito mais do que qualquer outro presidente antes dele. Com o famoso “é dando que se recebe”, um governo iniciava os entendimentos para aprovação de suas propostas com a maior parte dos votos necessários já consolidada. Sem ele, cada nova pauta começará a ser negociada do zero.

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