Em poucos dias desta semana, o mercado dos votos encontrou um candidato e deu uma guinada radical: bastaram um Datafolha e uma ofensiva da Lava Jato contra os tucanos para a direita abraçar o socialista (?) Joaquim Barbosa e descartar Geraldo Alckmin.
Somos mesmo um país surreal: só aqui mesmo os conservadores alegremente apoiam um ainda eventual candidato do Partido Socialista Brasileiro, que já foi de Miguel Arraes e morreu junto com seu neto e herdeiro Eduardo Campos num desastre de avião.
Joaquim Barbosa ninguém sabe que apito toca, mas na falta de um nome competitivo uma pesquisa basta para jogar suas fichas naquele que André Singer chama de candidato do Partido da Justiça.
Estava mais ou menos na cara que com a falência dos partidos e o ocaso das velhas lideranças políticas o nome do “novo” que buscavam para esta eleição seria alguém do saído magistratura endeusada no mensalão e na Lava Jato.
As novas denúncias contra Aécio e os processos agora abertos contra Alckmin enterraram de vez as pretensões eleitorais de um PSDB cada vez mais dividido e sem rumo, agora solenemente rifado nas manchetes dos jornais e nas capas das revistas.
O patrono e head hunter político FHC chegou a ser encantar com o “novo” chamado Luciano Huck, que fugiu da raia, e não bota a menor fé em Alckmin, que nunca foi da sua turma.
Joaquim tem problemas de saúde e de personalidade, parece sempre meio enfezado e revoltado com o mundo, ainda não está convencido de que deve ser candidato, mas na falta de outra opção está sendo empurrado para uma candidatura de alto risco.
E se ele ganhar, com quem vai governar? Como vai se relacionar com o Congresso, os outros partidos e a mídia?
Ninguém ainda sabe quais são seus planos, mas um programa de governo é coisa fácil de se arranjar com os economistas de plantão no mercado financeiro.
Poderiam perguntar aos ministros do STF como era seu relacionamento com eles quando presidiu o tribunal para saber com quem estão falando.
Só que agora ninguém quer saber destes detalhes. O importante é ungir um nome e esperar pelas próximas pesquisas.
No sobe e desce do mercado de votos, o eleitorado atônito a tudo apenas assiste, sem entender o que está acontecendo.
E vida que segue.
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