Josias de Souza
O fuzilamento da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, aconteceu no centro do Rio de Janeiro. Mas os efeitos dos disparos foram sentidos no Palácio do Planalto. Michel Temer descobriu da pior maneira possível o quão arriscado é fazer populismo com segurança pública. Ao decretar intervenção federal na segurança do Rio, Temer disse que seu governo prevaleceria sobre a bandidagem. Os criminosos ainda não lhe deram crédito. Pior: revelam-se dispostos a balançar o coreto de sua autoridade.
A essa altura, nem as almas mais ingênuas acreditam na lorota de que Temer devolverá a paz ao Rio até dezembro, quando termina o seu mandato. Primeiro porque o tempo é curto. Segundo porque falta uma certa autoridade a Temer. Há duas décadas, um candidato a prefeito chamado Sergio Cabral dizia que a Rocinha era uma fábrica de marginais. Anos depois, eleito governador pelo PMDB, partido de Temer, Cabral chegou a anunciar que mandaria murar uma favela. Hoje, o aliado de Temer está preso dentro dos muros da cadeia paranaense que guarda os larápios da Lava Jato.
Rodeado por denúncias criminais e inquéritos por corrupção, Temer convive com o risco de ter um futuro à moda de Sérgio Cabral. Mas achou que poderia oxigenar o resto do seu mandato desafiando o crime organizado do Rio. Retirou o governador Luiz Fernando Pezão da linha de tiro. E atraiu para o gabinete presidencial, em Brasília, todas as mazelas da insegurança do Rio. Temer sonhou com a revitalização de sua autoridade de presidente. Mal sabia ele que a realidade o arrastaria para uma agenda de delegado de polícia
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