O Estado de S.Paulo - Vera Magalhães
O encontro do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é simbólico não pela confirmação de uma aliança PSDB-DEM, mas pela demonstração de que os dois partidos já articulam o pós-Temer, que começa imediatamente, independentemente de o presidente permanecer ou não no posto. Como disse no domingo, o presidente consegue, dia a dia, se tornar invisível.
Maia e Alckmin discutiram, sem ninguém do governo, a necessidade de avançar com uma reforma da Previdência possível, e que tucanos e democratas empunhem esta bandeira. Para isso, dizem aliados de ambos, pouco importa se o presidente ficará no cargo. A negociação se dará sobretudo com Henrique Meirelles (Fazenda) como interlocutor.
Na impossibilidade de o PSDB tomar uma posição definitiva sobre seu dilema pueril de ficar com o governo ou romper, Alckmin vai se afastar dessa discussão.
Maia, por sua vez, empenhado em dissipar a imagem de conspirador, quer ser reconhecido pelo mercado como avalista de que a pauta econômica não ficará refém da política. Avalia, segundo seus aliados, que isso lhe dará legitimidade para assumir caso Temer não aguente o tranco de delações como a de Eduardo Cunha ou de Lúcio Funaro e caia mais adiante.
Caciques do DEM reagiram à versão de que o jantar de segunda-feira selou um eventual apoio a Alckmin no ano que vem. Cientes de que ainda podem ter o presidente da República caso Temer seja afastado, querem deixar essa decisão para o ano que vem. Além disso, vão tentar inflar ao máximo a bola de suas estrelas mais vistosas, como o senador Ronaldo Caiado e o prefeito ACM Neto, para negociar apoio dos tucanos em praças importantes.
Para costurar uma aliança forte caso seja o candidato a presidente do PSDB, Alckmin terá antes de apagar incêndios em sua própria base. O DEM resolveu medir forças com o projeto estadual do vice-governador Márcio França, e ameaça lançar candidato à sucessão do tucano. O único nome de consenso, dizem os democratas, seria João Doria Jr. Pessoas próximas ao prefeito, no entanto, garantem que ele só deixaria a Prefeitura para disputar a Presidência.
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