247 - Em diálogos gravados em março passado, o
ministro do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR)
sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma "mudança"
no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria"
representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.
Segundo reportagem de Rubens Valente, as conversas, que estão em
poder da PGR (Procuradoria-Geral da República), ocorreram semanas antes
da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma
Rousseff.
Machado se mostrou preocupado com o envio do seu caso para a PF de
Curitiba e chegou a fazer ameaçadas: "Aí fodeu. Aí fodeu para todo
mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu 'desça'? Se eu
'descer'...".
O atual ministro afirmou que seria necessária uma resposta política:
"Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que
mudar o governo para estancar essa sangria", diz Jucá. Ele acrescentou
que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional
"com o Supremo, com tudo". Machado disse: "aí parava tudo".
Segundo Jucá, "ministros do Supremo" teriam relacionado a saída de
Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela
continuidade das investigações da Lava Jato. O ministro do Planejamento
afirmou que tem "poucos caras ali [no STF]" ao quais não tem acesso e um
deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no
tribunal, a quem classificou de "um cara fechado".
O atual ministro concordou que o envio do processo para o juiz Sérgio
Moro não seria uma boa opção e o chamou de "uma 'Torre de Londres'", em
referência ao castelo da Inglaterra em que ocorreram torturas e
execuções entre os séculos 15 e 16. Segundo ele, os suspeitos eram
enviados para lá "para o cara confessar".
Na conversa, eles dizem que o único empecilho no pacto era o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), porque odiaria Cunha.
"Só Renan que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel,
porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O
Eduardo Cunha está morto, porra", afirma Jucá no diálogo, que foi
gravado.
"O Renan reage à solução do Michel. Porra, o Michel, é uma solução
que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser.
'Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim, as reformas são
essas'", disse Jucá ao ex-presidente da Transpetro.
O advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida
Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente "jamais pensaria em fazer
qualquer interferência" na Lava Jato e que as conversas não contêm
ilegalidades (leia aqui).
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