Trecho do Rodoanel, em São Paulo
O dinheiro foi enviado para as empresas Legend Engenheiros Associados e
SP Terraplenagem, ambas ligadas ao empresário Adir Assad, condenado
pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de
dinheiro e associação criminosa ao utilizar as empresas de fachada para
fazer o pagamento de ao menos R$ 40 milhões em propinas da Petrobras. Ao
depor ao juiz Moro, Assad admitiu sua participação na Legend.
O mapeamento do caminho do dinheiro da Andrade foi feito em laudo por
peritos federais. Essa é a primeira vez que os investigadores conseguem
verificar quanto as diferentes áreas da empreiteira que cuidavam de cada
obra em todo o país repassaram para firmas de fachada, ampliando o
leque das investigações para além da Petrobras. Ao todo, as contas
contábeis da Andrade e de consórcios dos quais ela participa ligados às
obras da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo, ao Rodoanel Mário Covas e
ao Complexo Viário JacuPêssego pagaram R$ 45 milhões entre março de
2008 e setembro de 2010 para empresas de fachada.
O laudo da PF não faz acusação ao governo paulista nem a agentes
públicos envolvidos nas licitações do Metrô e da Dersa, mas indica que
um expediente usado para lavar dinheiro da propina na Petrobras e também
no setor elétrico - pagamentos a firmas de fachada - pode ter-se
reproduzido em São Paulo.
A PF ainda não concluiu o rastreamento do dinheiro. Grande parte dos
valores recebidos por estas firmas de fachada era repassada a outras
empresas de fachada ou sacada de forma fracionada para evitar a
identificação do destinatário final, o que dificulta o rastreamento.
Jacu-Pêssego
O consórcio SVM, do qual a Andrade faz parte, fez 15 pagamentos de 2009
a 2010 que somaram R$ 30,4 milhões à empresa de fachada SP
Terraplenagem. O Consórcio teve apenas um contrato com a Dersa, para
obras no Lote 1 do Complexo Jacu-Pêssego, na capital paulista. O
contrato foi feito em junho de 2009, dois meses antes do primeiro
repasse do SVM à empresa de fachada.
Em relação às obras do lote 8 da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo,
subtrecho das estações Tamanduateí e Vila Prudente, foram dois
pagamentos do centro de custos da Andrade Gutierrez ligado ao
empreendimento para a Legend, que não teve funcionários entre 2006 e
2012. O primeiro pagamento foi de R$ 7,05 milhões, divididos em parcelas
de 2008 a 2010. O segundo pagamento - de R$ 7,3 milhões - foi dividido
em parcelas de 2008 a 2010.
Além disso, o laudo da PF aponta que parte dos pagamentos à Legend
ligados pelas obras da Linha 2 também passou pela conta "overhead", que
contabiliza os gastos da administração central da empresa em cada obra
e, segundo a PF, indica o conhecimento da direção da empreiteira das
operações com empresas de fachada. Já em relação às obras do trecho sul
do Rodoanel, foi feito um pagamento da conta da Andrade relacionada ao
empreendimento de R$ 1,08 milhão em 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário