quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Lula, o grande problema do Brasil

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Gleisi Hoffmann Senadora pelo PT do Paraná
Prender o Lula, acabar com Lula, é resolver os problemas do Brasil!
Acabar com a corrupção, afinal ele é o grande responsável por todos os desvios de recursos e de conduta ao longo da história brasileira; acabar com os desequilíbrios da economia, pois foi ele quem permitiu que muita gente, tratada como vagabunda, tivesse uma renda mínima e se recusasse ao trabalho quase de graça, encarecendo a produção; acabar com políticas públicas que aumentam gastos e desequilibram as finanças públicas, protegendo setores, raças e classes, em detrimento do empreendedorismo, da força de vontade, do empenho de cada um. Lula não pode voltar, apesar de ninguém ter perdido com ele, mas o fato de uma parcela da população, que nunca ganhou, ter ganho mais, o faz "persona non grata".
Conheci o Lula na campanha de 1989. Fazia movimento estudantil naquela época. No primeiro turno apoiei Brizola. No segundo, fiz campanha para Lula. Não consigo esquecer o debate fatídico com Collor em que, dentre outras coisas, foi acusado de ter um aparelho de som "três em um". Como podia? Um operário?! Com certeza era fruto de algum desvio. Mas não foi só isso. Naquele segundo turno intensificaram-se as denúncias. Ele era o maior agitador do Brasil, era comunista. Tinha pacto com Cuba, com a Rússia, com a China. Fecharia as igrejas, era ateu! Ainda mais, ia dividir as terras, e também a casa das pessoas!
Afe, como o povo brasileiro poderia eleger alguém assim?! Collor era meio diferente, de um estado periférico, mas mais confiável, porque era da elite! O resto da história nós conhecemos.
Agora Lula é acusado de corrupto. Depois de oito anos no poder e de ser, após Getúlio e Kubitscheck, quem ousou ter um projeto de desenvolvimento nacional, é acusado de se relacionar com empreiteiros, beber whisky, de querer ter um apartamento na praia, no Guarujá, de tê- lo visitado, embora não comprado, de utilizar e investir num modesto sítio de amigos, de ter um bote de alumínio para pescar no pequeno lago do sítio. Não pode, um operário, um pobre, que chegou à presidência?! Quem pensa que é? É praticamente da família, mas não pode sair do quartinho dos fundos, nem comer o sorvete gourmet, tal qual o personagem de Regina Casé, em "Que horas ela volta?!".
Não estou santificando Lula, só acho que os pecados que ele cometeu ou comete não podem ter valor maior na bolsa celestial. Lembro do Evangelho de Marcos: "Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra", disse Jesus. Esta máxima é a verdade! Não há quem dela não necessite para si mesmo. Desde os monopólios financeiros, econômicos, de comunicação até o integrante da clássica classe média brasileira.
Como disse o professor Aldo Fornazieri, em artigo que usei na tribuna do Senado, Lula colocou na ordem do dia a questão da desigualdade, da fome e da exclusão. Buscou justiça e promoção do bem comum. Nenhum outro político e nenhum outro partido fizeram, de forma igual ou de maior alcance, a promoção do bem comum como Lula e seu governo o fizeram.
Nesse sentido, evocando a filosofia hegeliana, do bem comum, Lula e o PT promoveram a ética mais do que os outros políticos e mais do que os outros partidos.
Assim, se queremos discutir moralidade e ética, vamos discutir neste terreno, vamos discutir sobre os bens e feitos comuns de outros governantes. Ninguém quer que não se investigue, mas apenas que as investigações aconteçam para todos, não apenas para o PT ou para o presidente Lula. Para a história ficará claro a condição de vítima de Lula, de uma ação persecutória conduzidas por adversários, autoridades e setores de mídia.
Sem inocentar culpados, aceitar essa perseguição como um dado da realidade, sem questioná-la moral e politicamente, é uma forma de aceitar a injustiça, pois todos devem ser iguais perante a Lei.

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