Da ABr
Mais de 940 emissoras de rádio AM (modulação em amplitude) serão
notificadas nos próximos meses para pagar a taxa de migração para a
frequência modulada (FM) e melhorar a qualidade de transmissão de seus
conteúdos. Durante debate realizado hoje (15) no Conselho de Comunicação
Social do Congresso Nacional, o secretário de Serviços de Comunicação
Eletrônica do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins,
explicou que essas emissoras precisam agora entregar a documentação para
o processo de outorga das novas frequências, pagar a taxa de migração e
fazer os investimentos para modernizar a infraestrutura de transmissão.
Custos
Martins lembrou que a tabela de preços foi divulgada para que as
emissoras se preparem para a nova fase. Os valores podem variar de R$ 30
mil a R$ 4,5 milhões dependendo de variáveis como o alcance das
transmissões, por exemplo. “Foi uma metodologia que avalia a potência da
emissora, a população de cada município, dados econômicos e sociais.
Esta metodologia reflete os parâmetros que estamos usando, não me parece
dizer que é um preço baixo, mas um preço justo”, avaliou.
Para o representante do ministério, a expectativa dos donos de
emissoras tem se mostrado ainda maior do que a do próprio governo, ainda
que os custos sejam significativos. Além da taxa, esses empresários
terão que readequar todo os equipamentos hoje usados para a frequência
AM. “O objetivo é dar uma sobrevida às emissoras de AM e dar maior
diversidade para os ouvintes que passam a ter um contingente maior de
emissoras FM”, disse.
Mais qualidade
Presidente executivo da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão (Abert), Luis Roberto Antonik calcula, por exemplo, que uma
emissora pequena de 10Kw de Fortaleza, por exemplo, poderá pagar R$ 400
mil de taxa, mais cerca de R$ 150 mil em equipamentos. “O valor não é
desprezível, mas vale a pena. A diferença da qualidade entre AM e FM é
muito grande. O rádio é o sujeito do serviço local”, destacou.
Antonik ainda lembrou que, além dos investimentos financeiros, as
emissoras devem aproveitar a migração para atualizar também a
programação.
Ele disse que as fases mais complicadas do processo já foram
concluídas tanto pelo Ministério das Comunicações, com a tabela de
preços, quanto pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que
ficou responsável por distribuir as emissoras dentro de faixas de
frequência de maneira que não haja interferência nas transmissões.
“Acredito que até o dia 25 de fevereiro as primeiras emissoras comecem a
apresentar os documentos para iniciar o processo”, enfatizou.
Atualmente, em todo país, 1.781 emissoras estão como AM, sendo que
1.385 já pediram para mudar de faixa. Ao todo, 948 rádios poderão fazer a
migração em 2016. As demais emissoras terão que aguardar a liberação do
espaço, que deve acontecer com a digitalização da TV no país que abrirá
mais espaço para as novas FMs.
“Nos grandes centros urbanos, o espectro do rádio elétrico está muito
congestionado. Com o desligamento da TV analógica vai sobrar mais
espaço para que as [rádios] AM migrem para a frequência FM”, explicou o
conselheiro da Anatel, Rodrigo Zerbone Loureiro, que também participou
do debate.
O conselho volta a se reunir no início da tarde de hoje para discutir
a violência contra os profissionais de comunicação e os efeitos da
crise econômica sobre a comunicação social.
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