A imagem que ilustra este texto vale por um
tratado sobre política, mas, para os que têm dificuldade em enxergar
realidade como ela é e não como a mídia mafiosa pinta, vamos desenhar a
situação.
Todos deveríamos estar exultantes com a Operação Lava Jato e com as
condenações de políticos importantes pelo Supremo Tribunal Federal,
Corte que, até que o PT chegasse ao poder, jamais condenara político
algum à prisão.
Afinal de contas, quem não sabe, desde que começou a se entender por
gente, que empreiteiras fazem negociatas, corrompem políticos, crescem e
enriquecem às custas de obras públicas?
E quem não fica satisfeito por ver banqueiros e políticos importantes
indo para a prisão – e, ainda mais havendo provas, como no caso de
Delcídio do Amaral e André Esteves, do banco Pactual?
Deveríamos, pois, estar soltando rojões. Finalmente no Brasil, em
tese, não seriam mais, apenas, pretos, pobres e prostitutas que vão em
cana. Em tese, as prisões de empreiteiros, políticos e banqueiros
significaria que, agora, não são mais apenas os três Pês que podem ver o
sol nascer quadrado.
Contudo, não é nada disso.
O que a imagem acima revela é, apenas, que apenas acrescentamos um Pê
aos três Pês que simbolizavam os únicos tipos de cidadãos passíveis de
prisão no Brasil; agora, apenas Pretos, Pobres, Prostituas e Petistas (e
quem se meta com eles) são os que podem ser presos neste país.
Vamos, pois, explicar a imagem no alto da página para aqueles que não
conseguem pensar sozinhos. A imagem contém 5 edições do jornal Folha de
São Paulo. Vamos analisá-las uma a uma.
Da esquerda para a direita, a primeira edição do jornal noticia, em
letras garrafais, a prisão de Delcídio do Amaral. Contudo, em vez da
foto de quem foi preso a capa da Folha trás a foto de Lula, que nem a
processo responde.
A segunda capa da Folha da esquerda para a direita relata, com o
maior destaque possível, que "amigo de Lula" foi preso, apesar de que o
arrestado tem muitas amizades e relações com expoentes da oposição.
A terceira capa do jornal, da esquerda para a direita, também com
todo o destaque possível e imaginável relata acusação de um delator da
Lava Jato a um familiar de Lula.
Na segunda fileira de capas da Folha, tudo muda. São capas que
relatam problemas com a Justiça que têm altos membros do principal
partido de oposição do país.
A primeira capa da segunda fileira de capas, a partir da esquerda,
relata que o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo foi condenado a vinte
anos de prisão. A notícia ganhou uma notinha discreta no canto inferior
esquerdo da primeira página do jornal. E sem foto do condenado.
A segunda capa relata que o líder da oposição, senador Aécio Neves,
segundo candidato mais votado na eleição presidencial de 2014 – e que
vive condenando petistas sem julgamento por serem delatados – foi
delatado por um envolvido na operação Lava Jato.
Essa justaposição da capaz da Folha simboliza, também, o que acontece
na Justiça brasileira a depender de quem seja o acusado. E, mais do que
isso, revela o que acontecerá com investigações como a Lava Jato depois
que o PT deixar o poder – seja via golpe, seja por via eleitoral.
Tudo isso que está acontecendo e que, em tese, deveria dar esperança
ao Brasil de que o país está mudando, vai simplesmente acabar. A Lava
Jato, pois, é uma farsa política engendrada, única e exclusivamente,
para derrubar um governo. E mais nada.
Se o PSDB volta ao poder (toc-toc-toc), acabam as Lava Jatos ou
qualquer outro tipo de investigação. As empreteiras, os banqueiros, os
políticos voltarão a roubar desbragadamente sem que ninguém seja sequer
denunciado – como acontecia antes de o PT chegar ao poder.
Sempre digo que eu estaria exultante se a Lava Jato fosse para valer.
Se corruptos de todas as correntes políticas estivessem sendo presos,
seria maravilhoso. Este país se tornaria ético e começaria a
civilizar-se rapidamente.
Mas não é nada disso o que está acontecendo. Com ou sem provas,
apenas corruptos e supostos corruptos de um único grupo político estão
sendo penalizados, enquanto que seus equivalentes à direita são
vergonhosamente acobertados pela imprensa e pela Justiça.
Além de não estar havendo combate real algum à corrupção, o país está
ficando pior porque, mais do que nunca, o que está valendo aqui é a
máxima que permeia a história brasileira desde o descobrimento: "Aos
amigos, tudo; aos inimigos, a lei".
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