Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
A
Justiça de Minas Gerais condenou o ex-governador Eduardo Azeredo a 20
anos e 10 meses de prisão. De acordo com a sentença da juíza Melissa
Pinheiro Costa Lage, o tucano desviou dinheiro público para financiar
sua campanha frustrada à reeleição, em 1998.
O
esquema envolveu três estatais mineiras, que fecharam contratos de
fachada para repassar verba de publicidade a políticos. Em valores
atualizados, o rombo foi de R$ 10 milhões. O caso ficou conhecido como
mensalão tucano porque serviu como laboratório para o mensalão do PT. Os
dois escândalos tiveram o mesmo operador: o publicitário Marcos
Valério, da SMP&B.
Azeredo
não é um tucano qualquer. Chegou a ser presidente nacional do PSDB,
cargo hoje ocupado pelo senador Aécio Neves. Estava no Senado quando a
Procuradoria-Geral de República o denunciou ao Supremo Tribunal Federal,
em 2007. Dois anos depois, a corte decidiu transformá-lo em réu.
O
mensalão mineiro virou um símbolo da morosidade judicial. O caso se
arrastou no STF até 2014, quando Azeredo renunciou ao mandato de
deputado para escapar da punição. Sob protestos do então ministro
Joaquim Barbosa, que acusou o tucano de "debochar" da Justiça, o
processo voltou à primeira instância.
Na
semana passada, Azeredo foi finalmente condenado por peculato e lavagem
de dinheiro, mais de 17 anos depois dos desvios. Graças à manobra para
fugir do STF, ele poderá recorrer em liberdade até que o caso volte a
ser analisado pela corte.
Desde
que perdeu a eleição presidencial para o PT, o senador Aécio repete que
não foi derrotado por um partido, e sim "por uma organização
criminosa". Apesar do prontuário de alguns petistas influentes, talvez
seja a hora de virar o disco. Na sentença do mensalão tucano, a juíza
Costa Lage afirma que seu aliado Azeredo também integrou "uma
organização criminosa complexa", montada para assaltar os cofres
mineiros.
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