Paulo Nogueira do DCM
De quem é a culpa pelos infortúnios de Delcídio
Quero me inteirar sobre o caso Delcídio e digito seu nome no Twitter.
Chego logo a uma nota fabulosa, escrita pela nova titular da coluna Radar, da Veja, a ex-Folha Vera Magalhães.
No
mundo do jornalismo de nossos dias, não configura conflito de
interesses Vera ser casada com um assessor de Aécio. Bem, Vera reproduz
uma frase atribuída à mulher de Delcídio, Maika. Segundo Vera, num
telefonema Maika revelou de quem é a culpa pelos infortúnios do marido.
É de Dilma, aquela fdp, diz a nota.
Quer
dizer: a culpa não é de seu marido, com seu comportamento indecente.
Nem é dela mesma, que viu Delcídio gastar dinheiro em proporções épicas,
incompatíveis com um homem que deveria viver do salário de senador da
República.
Publicamos no DCM, neste sábado, o relato de um cronista social de Campo Grande sobre a festa de debutante de uma filha de Delcídio, em 2011.
Um trecho:
A
noite ficará marcada na memória social de Campo Grande e de Mato Grosso
do Sul. Não apenas pela natural suntuosidade que sugeria a atmosfera,
mas pela singular energia que emanava em cada pedacinho da festa.
Parecia mágica. Num estonteante vestido, na parte de cima, inteiro em
Cristais Givenchy, com saia em tufos de tule dourado com pastilha de
paetês, confeccionado por Júnior Santaella especialmente para ela, Maria
Eugênia parecia flutuar.
Estava
em casa, envolvida pela família, recebendo as amigas exatamente do modo
como havia imaginado. À irmã, Maria Eduarda, foi entregue a missão de
construir o espetáculo da alegria. Ao longo de um mês, a mansão vinha se
transformando para ser um espaço dourado de 1,6 mil metros,
inteiramente coberto em teto transparente, onde frondosas árvores
naturais surgiam iluminadas na lateral do espaço.
Os grandes filósofos do passado coincidiam em dizer que, diante da miséria humana, é mais sábio rir do que chorar.
Riamos, então.
Maika organizou a festa, e sabe quanto foi gasto nela. Ela sabe também qual é o salário de senador do marido.
Mas não: não ocorreu a ela que havia uma fonte misteriosa de dinheiro para bancar a vida faustosa da família.
Ela
lembra, neste caso, Claudia Cruz. Claudia levou uma vida de princesa
europeia sem, aparentemente, se perguntar como não faltava dinheiro
sequer para aulas de tênis numa das academias mais caras do mundo, a de
Nick Bolletieri, nos Estados Unidos. Ali foram revelados jogadores como
Agassi e Sharapova.
Milton Friedman, o grande economista conservador, disse celebremente que não existe almoço grátis. Alguém sempre paga a conta.
Mas para as mulheres de alguns políticos brasileiros é como se a vida em
pleno fausto fosse gratuita. Maika poderia talvez ter evitado os
problemas que seu marido enfrenta hoje se fosse mais rigorosa com as
contas domésticas.
Mas não.
Ela não tem culpa, de acordo com a nota de Vera Magalhães.
E nem seu marido.
A culpa, claro, é de Dilma, aquela fdp.
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