247 - As
autoridades financeiras e judiciais da Suíça estão prestes a descobrir
que o Ministério Público brasileiro (ou, pelo menos, parte dele) tem
lado.
Um ano atrás, cansados de esperar
pela colaboração do Ministério Público, os suíços decidiram arquivar
parte do caso Alstom, que apurava um esquema de propinas pagas pela
multinacional francesa a funcionários públicos e políticos do PSDB
(relembre aqui).
Era um caso bastante semelhante ao
hoje investigado na Operação Lava Jato. Havia lobistas, como João Amaro
Pinto Ramos, servidores públicos, como João Roberto Zaniboni, e
arrecadadores de campanha, como o grão-tucano Andrea Matarazzo. A Alstom
era acusada de comandar um cartel na venda de equipamentos ferroviários
e do setor elétrico.
A investigação sobre o chamado
"trensalão tucano", no entanto, parou no tempo porque o procurador
Rodrigo de Grandis engavetou, durante dois anos, o pedido de cooperação
formulado pelas autoridades suíças, atribuindo a demora a uma "falha
administrativa".
Operação Apocalipse
Um ano depois, a situação se
inverte. Agora, são dois procuradores brasileiros que irão à Suíça, mais
precisamente a Berna, para desvendar a origem dos depósitos nas contas
de Paulo Roberto Costa.
Como o próprio ex-diretor da
Petrobras já declarou ter sido pago pela Odebrecht e se dispôs a
devolver os recursos, o caso será relativamente simples (leia mais aqui).
No entanto, chama a atenção a
diferença de abordagem do Ministério Público nos dois casos. Quando o
alvo era o PSDB, a Suíça cobrou providências do Brasil, que engavetou o
caso. Agora, quando o PT está na mira, o MP cumpre seu papel, faz a
coisa certa e pede cooperação internacional.
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