247 – Todos os clientes do banco Santander que
tentaram, nesta sexta-feira 25, acessar o site da instituição espanhola
no Brasil se depararam, antes de entrar no ambiente privado, com um
aviso "importante". Tratava-se, em letras brancas sobre o vermelho
berrante da instituição, de um "pedido de desculpas". Mais cedo, em
mensagem dirigida a clientes de alta renda, o mesmo Santander
recomendara por escrito que seus clientes tomassem cuidado com o que
poderá acontecer com seus investimentos caso a candidata à reeleição,
pelo PT, suba nas pesquisas eleitorais.
- Se a presidente (Dilma Rousseff) se estabilizar ou voltar a subir
nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir", elaborou o texto que
tinha apenas a assinatura da instituição espanhola. A seguir, traçou-se
o quadro de que "o câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos
retomariam alta e o índice Bovespa cairia". Em resumo, um inferno.
A recomendação para seus clientes endinheirados tomarem cuidado com a
eventual ascensão da presidente pegou especialmente mau para o
Santander porque não é nada disso que o presidente mundial da banca
espanhola, Emílio Botín, fala nas vezes em vai ao Palácio do Planalto.
Ali, sorridente, já posou para fotos e manifestou crer na economia
brasileira gerenciada por Dilma.
Para compensar o estrago cometido pela parcialidade da avaliação, o
próprio Santander primeiro pediu desculpas em forma de declaração
oficial, e mais tarde resolveu ocupar toda a primeira página de seu site
para dizer que "o referido texto feriu a diretriz interna" que barra
análises marcadas pelo "viés político ou partidário".
Enquanto a imagem do banco se derretia, o primeiro prejuízo objetivo
aconteceu. Em Osasco, na Grande São Paulo, município que arrecada R$ 1,9
bilhão em transferências, impostos municipais e taxas todos os anos, o
prefeito Jorge Lapas encontrou o mote que precisava para tomar uma
decisão que já vinha estudando: romper o convênio mantido com o
Santander para o recolhimento de impostos e taxas municipais.
Ao 247, Lapas explicou sua decisão:
- O volume de reclamação que a Prefeitura recebe contra o Santander é
grande. Acontece que os caixas das agências têm sido orientados a não
receberem pagamentos de IPTU e taxas municipais, sob a alegação de que
esse movimento forma filas", disse o prefeito petista. "Agora esse
problema vai acabar tanto para a população como para o Santander.
Notificamos o banco que em trinta dias o convênio será encerrado. Outros
bancos continuarão a atender o nosso público".
A recomendação do Santander para seus clientes de alta renda ficarem
com um pé atrás diante do crescimento da presidente Dilma foi
considerada "descabida" pelo prefeito Lapas:
- O banco praticou uma partidarização fora de hora e lugar.
Para a coleção de escorregões e quedas que o Santander já levou em
sua trajetória no Brasil, agora o presidente local Jesús Zabalza já tem
uma a mais para mostrar a dom Emílio.
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