Com uma simples tabela, o ministro Ricardo Lewandowski sacudiu a
sessão desta 5ª feira do STF. Os números reunidos pelo revisor da AP
470 tornam evidente a natureza política de um julgamento, em que penas
são ajustadas e critério meticulosamente adaptados, criando-se uma
desproporcionalidade que ofende a lógica e avilta qualquer princípio de
justiça. Desse vale tudo emerge o objetivo cristalino que ordenou todo o
julgamento, desde o recurso ao domínio de fato, até a desconsideração
aos autos e às provas: garantir carne aos centuriões do conservadorismo,
que desde o início do processo cobram a foto de José Dirceu sendo
trancafiado, para uso e abuso do jornalismo isento. A síntese matemática
dessa encomenda foi escancarada nas tabelas do ministro Lewandowski,
obtidas pela correspondente de Carta Maior em Brasília, Najla Passos.
Ali fica evidente o jogo de cartas marcadas que permeou todo o processo:
enquanto as penas para o crime de corrupção ativa foram majoradas de
15% a 20%, as aplicadas ao de formação de quadrilha variaram de 63%
(caso do ex-presidente do PT, José Genoino) a uma taxa recorde de 75%
(no do ex-ministro José Dirceu). "É claro que isso ocorreu para superar a
prescrição e impor regime fechado a determinados réus. (...) É uma
desproporção inaceitável", denunciou Lewandowski. (Leia a íntegra da
reportagem de Najla Passos, nesta pág)
Carta Maior;
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