quinta-feira, 16 de julho de 2020

Bolsonaro, desmoralizado, volta ao moralismo como salvação



FERNANDO BRITO ·no Tijolaço

Jair Bolsonaro, que andava mudo, voltou ao Twitter para apelar, dizendo que “a esquerda busca meios de descriminalizar a pedofilia, transformando-a em uma mera doença ou opção sexual”.

Onde, como, quando, claro, não vêm ao caso. Basta a fantasia, como a do “kit gay” ou a “mamadeira de piroca”. Basta criar a lenda.

Nem é o caso de discutir dupla ideia de pedofilia, a da doença mental e a dos atos concretos de natureza sexual praticados com ou na presença de crianças e adolescentes ou do uso de suas imagens. Que, aliás, nem precisam de um pedófilo para serem feitos.

Muito menos o que Jair Bolsonaro já propôs sobre a questão como solução para o problema: a castração química, algo que não passa pelo primeiro juiz da esquina.

Se intenção fosse sério, o interesse se voltaria para os programas de proteção, porque não é nem o tamanho da pena que inibe a prevenção e a punição da maioria dos abusadores, mas o silêncio.

Sim, porque a violência sexual se dá majoritariamente dentro de casa (perto de 70% entre as vítimas crianças e de 60% entre adolescentes) e envolvendo pessoas do círculo familiar (cerca de 40% dos casos).

A questão, porém, é usar o moralismo mais rastaquera, não o de mitigar os problemas. É apenas colocar a esquerda (e vai para a “esquerda comunista e gayzista” qualquer um que divirja do presidente) como drogada, devassa, pedófila, portadora de todos os vícios morais que as diferem dos “homens de bem” cujo único desvio mental é o de desejar portar uma pistola Glock na cinta.

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