terça-feira, 8 de outubro de 2019

Aviso de auditor: autoridades viram como intimidação

Juízes e procuradores viram tentativa de intimidação em aviso sobre cópias de material da Lava Jato.
Foto: Fabio Jacob/ Agência O Globo
Folha de S. Paulo - Painel
Por Daniela Lima


Soou como tiro de alerta entre procuradores e juízes o telefonema, revelado pela Folha, nesta segunda (7), em que Marco Aurélio Canal, um dos auditores da Receita presos pela Lava Jato do Rio, disse ter distribuído cópias de processos atrelados à operação a interlocutores. Investigadores familiarizados com o caso lembram que, quando a conversa chegou a eles, ainda durante a apuração, ela foi interpretada como tentativa de intimidação. Encarcerando-o, a força-tarefa dobrou a aposta.
O grupo de Canal desconfiava de que era alvo de monitoramento, como mostrou O Globo. Esse fato reforça a suspeita dos procuradores de que, ao dizer em um telefonema que havia copiado informações sensíveis, o auditor queria, na verdade, avisar que tinha munição contra gente importante.
Canal falou sobre o tema ao telefone com um ex-cunhado, que é juiz. Ao fazer isso, o auditor facilitou a captação da conversa pelos investigadores.
Integrantes de cortes superiores também interpretaram como ameaça a conversa publicada pela Folha. A percepção de alguns é a de que a prisão de Canal pode deflagrar “uma guerra de facções” entre órgãos de fiscalização.
Para os procuradores, nada muda. A Lava Jato do Rio faz questão de isolar o trabalho de Canal, que não integrava o eixo das apurações. Além disso, o telefonema evidencia, dizem os investigadores, que o auditor usava o posto para achacar autoridades.

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