Bernardo Melo Franco - Folha de S.Paulo
Michel Temer disse que não descarta concorrer à reeleição em 2018. Por enquanto, quem o descarta é o eleitor. O presidente tem apenas 1% das intenções de voto no Datafolha. Se a eleição fosse hoje, ele disputaria a lanterninha com Levy Fidélix, o homem do aerotrem.
A impopularidade de Temer deve gerar um vazio inédito na urna eletrônica. Desde que o Congresso aprovou a reeleição, nenhum presidente deixou de tentar o segundo mandato. Como tudo indica que agora será diferente, começou a procura por um candidato da situação.
No domingo, o deputado Rodrigo Maiatentou tranquilizar os governistas que temem um massacre eleitoral. "Você não precisa ter um candidato que faça uma tatuagem 'Eu sou Michel Temer' na testa", disse.
Foi uma forma diplomática de sugerir que o presidente seja varrido para baixo do tapete na campanha oficial. Isso já foi tentado em 2002, sem sucesso, quando José Serra fez o possível para disfarçar o apoio de Fernando Henrique Cardoso.
Maia disse o óbvio, mas sua sinceridade feriu o orgulho presidencial. No dia seguinte, Temer declarou que vai ficar "cravado" na imagem de quem pedir ajuda ao Planalto.
"Quem for candidato à Presidência da República e disser que vai continuar [no governo] ou que terá também um governo de reformas, estará cravado na sua campanha a tese do acerto do nosso governo", disse.
Está difícil encontrar alguém disposto a carregar este fardo. Geraldo Alckmin promete continuar as reformas, mas já mandou seu partido se afastar de Temer. Henrique Meirelles tem 1% na pesquisa e sabe que não irá longe com o chefe a tiracolo.
Se o presidente faz questão de um candidato com seu nome na testa, deveria pensar em Wladimir Costa, o deputado paraense que escreveu "Temer" no ombro. Mas ele também pode ser uma escolha arriscada. A tatuagem era de hena, e a Justiça Eleitoral acaba de cassar seu mandato por abuso de poder econômico.
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