Blog de Josias de Souza
A inclusão de Aécio Neves no rol dos políticos investigados faz
do seu futuro uma combinação de hipóteses —das mais amplas até as mais
específicas. Na pior das hipóteses, a carreira de Aécio será
eletrocutada numa linha de transmissão de Furna$. Na melhor das
hipóteses, a investigação desligará o delator Delcídio Amaral da tomada.
No
caso do que espera por Aécio num inquérito dessa natureza, a escolha de
hipóteses é enorme. A melhor das hipóteses é que a auto-imagem do
senador sobreviva fora do espelho e leve os investigadores a concluir a
apuração com a rapidez de um raio. A pior das hipóteses é que Aécio seja
compelido a ostentar obutton de investigado, denunciado ou réu para além de 2018.
Mesmo
um desfecho benigno, que leve à decretação da inocência de Aécio,
comporta a análise de alternativas. Na melhor das hipóteses, a Polícia
Federal desmoralizará Delcídio, o procurador-geral Rodrigo Janot
solicitará o arquivamento do caso e o STF brindará Aécio com um atestado
de idoneidade.
Na
pior as hipóteses, a PF terá dificuldades para escarafunchar fatos
ocorridos há mais de uma década, Janot encaminhará ao Supremo pedidos de
prorrogação do inquérito, os advogados de Aécio reclamarão da demora e o
STF arquivará o processo por falta de provas, condenando Aécio a ouvir
risinhos perpétuos toda vez que esbravejar contra a corrupção ou cobrar
moralidade dos seus rivais.
Ao
saber que o ministro Gilmar Mendes, do STF, determinara finalmente a
abertura do inquérito solicitado pela Procuradoria, Aécio declarou: “…É
claro que ninguém gosta de ser injustamente acusado, como é o caso, mas
eu tenho serenidade para compreender que esse é o papel do Ministério
Público, investigar as citações e acusações que ali chegam, e o da
Justiça, de dar prosseguimento a essas investigações.''
Aécio
vai mesmo precisar de muita serenidade. Terá de combinar o papel de
investigado ao de principal vítima do processo de impeachment depois de
Dilma e Lula. Além de assistir à ascensão de Michel Temer ao trono que
ambicionava, o grão-tucano foi deposto da condição de líder da oposição.
Seu partido agora é linha auxiliar do governo.
São
mesmo implacáveis os desígnios da política. Em outubro de 2014, seria
internado como louco alguém que se arriscasse a prever a hipótese de
que, em menos de dois anos, aquele Aécio que roçou a cadeira de
presidente da República viraria um suspeito de corrupção e apoiador de
um governo chefiado por Michel Temer, cercado de Lava Jato por todos os
lados.
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