Segundo ministro, devido aos novos aparelhos não receberem o sinal, emissoras perderam audiência
Agência Brasil
RIO DE JANEIRO – A velha e boa rádio AM vai ganhar novo fôlego no
Brasil, com a migração das emissoras para a faixa FM. Como nenhum
aparelho eletrônico moderno, incluindo os celulares, recebem o sinal AM,
as rádios que operam nessa faixa estavam perdendo público velozmente,
principalmente entre os mais jovens, disse nesta segunda-feira (14) o
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, durante a 43ª Assembleia
Geral da Associação Internacional de Radiodifusão, que este ano ocorre
no Rio de Janeiro.
Paulo Bernardo disse que a digitalização do rádio, assim como vem
acontecendo com a TV, ainda não tem um modelo que definitivamente sirva
ao Brasil. “O que nós vamos fazer ainda este ano é autorizar as rádios
AM se transformarem em rádios FM. Uma das pressões que temos para fazer o
rádio digital é que a qualidade do rádio AM está caindo, principalmente
nos grandes centros urbanos. Isso prejudica muito a audiência. A
juventude, por exemplo, nem ouve mais rádio AM”, declarou.
Bernardo informou que já foram feitos estudos que apontam viabilidade
para a migração. “Com a digitalização da TV, nós temos os canais 5 e 6
[liberados], onde cabem muitas rádios. Nós estamos fazendo uma solução
que é importante, que é autorizar rádio AM para a faixa de FM. Isso vai
ser assinado em novembro, que tem o Dia do Radialista [comemorado em 7
de novembro.]”
O ministro disse também que o desligamento do sinal analógico para os
antigos aparelhos de televisão, chamado de switch off, ocorrerá no
primeiro semestre de 2015, mas que o cronograma ainda está sendo
acertado com as emissoras. Segundo Bernardo, não haverá, contudo,
prejuízo para o público, pois o governo vai facilitar a aquisição dos
aparelhos necessários para converter o sinal digital para as televisões
analógicas.
O presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
(Abert), Daniel Slaviero, explicou que, com a futura liberação do
espectro de 700 mega-hertz (MHz), onde hoje operam as televisões
analógicas, parte desse espaço será ocupado pelas rádios AM.
“Hoje a faixa de frequência do FM atual vai de 88 MHz a 108 MHz. Os
canais 5 e 6 vão de 76 MHz a 88 MHz. É o que agente chama de faixa
contígua ao FM. O decreto conterá que nos municípios onde tem outorga e
todas as AM cabem no espectro atual de FM elas migram automaticamente e
devolvem sua frequência AM para o governo. E nas emissoras que vão para
os canais 5 e 6, elas começam a operar e terão um prazo de transmissão
simultâneo até cinco anos”, explicou.
O presidente da Abert disse ainda que, para garantir que os novos rádios
possam captar essa faixa extra de FM, o governo deverá editar uma
portaria obrigando todos os receptores produzidos no Brasil já virem com
atualização do software para a faixa estendida.
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