sexta-feira, 31 de maio de 2019

Bolsonaro diz que está preocupado com o filho Flávio Bolsonaro e revela amizade com Queiroz


Flávio Bolsonaro e o pai. Foto: Reprodução/Congresso em Foco

Da Folha:

Em entrevista à revista Veja, publicada nesta sexta-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse estar preocupado com quebra de sigilo bancário de seu filho Flávio Bolsonaro (PSL) e falou sobre a sua relação de amizade com Fabrício Queiroz, pivô da investigação do Ministério Publico do Rio.

“Lógico [que preocupa]. Se alguém mexe com um filho teu, não interessa se ele está certo ou está errado, você se preocupa”, disse o presidente à revista.

Segundo a Promotoria, há indícios robustos dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Flávio de 2007 a 2018 na Assembleia Legislativa do Rio, período em que Queiroz trabalhou com o então deputado estadual como uma espécie de chefe de gabinete.


Foi com base nesses indícios que a Promotoria solicitou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de 86 pessoas e nove empresas.

(…)

O terrorismo ajuda a afundar o PIB, diz economista

POR FERNANDO BRITO · no Tijjolaço

Recomendo a leitura do artigo do professor Rogério Furquim Werneck da Economia da PUC do Rio de Janeiro, uma escola de nítido viés neoliberal. Nele, sob ótica econômica, chama-se a atenção sobre os danos que estão sendo causados ao país – que vão além da ruína institucional – pela tática de produzir um ‘terrorismo’ para viabilizar a reforma da Previdência.

Afinal, é a única tecla que tocam governo e equipe econômica em matéria de planos para o país, tecla devidamente ecoada por um jornalismo econômico especializado em jamais ir além da aritmética.

Diz Werneck:

Levará algum tempo até que se possa entender com clareza por que o círculo virtuoso de recuperação da economia, antevisto no início do ano, se mostrou tão decepcionante. Mas, entre as possíveis explicações, não poderá deixar de constar o efeito deletério da atemorização exagerada do país a que o governo recorreu, para viabilizar a reforma da Previdência. Não tendo conseguido produzir uma narrativa crível de aprovação da reforma, o governo tentou compensar essa falha com uma atemorização desmesurada, que teve impacto devastador sobre decisões de investimento.

O economista afirma que “ao brandir a iminência do caos, ajudaram a atrofiar ainda mais o que restava do já raquítico crescimento da economia” e se espanta com a “a gritante incapacidade do governo de mobilizar o vasto apoio parlamentar de centro direita com que poderia contar”, até porque jamais, nas últimas décadas, houve um Congresso tão conservador e insensível socialmente quanto este.

Mas não é uma surpresa, é uma fatalidade. O governo que se instituiu pelo ódio e pela negação, só pelo ódio e pela negação sabe se sustentar. Não é um acesso de fúria, é um método de firmar-se pela intimidação.

Cpomo dizem os próprios economistas, o fenômeno observado por Werneck, está “em linha” com o que registrei no post anterior, sobre a entrevista de Bolsonaro à Veja: não há nenhum plano para o país senão o de submetê-lo à chantagem do medo.

IBGE: Brasil tem desemprego de 12,5%

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 12,5% no trimestre encerrado em abril, atingindo 13,2 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 31. Trata-se de um leve recuo ante a taxa de 12,7% registrada no trimestre encerrado em março.
Apesar do recuo do desemprego, a população chamada de subutilizada, que reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (menos de 40 horas semanais trabalhadas), os desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos, atingiu 28,4 milhões, número recorde da série histórica iniciada em 2012.

Reunião: pesos pesados na área de educação


Na próxima semana, ex-ministros da Educação debatem políticas para a área na USP.

Foram chamados José Goldemberg (governo Collor), Murílio Hingel (Itamar Franco), Cristovam Buarque (Lula), Fernando Haddad (Lula) e Aloizio Mercadante (Dilma). Há previsão de que, ao final, formulem carta em defesa do ensino público.

Nota do MEC é "declaração de guerra" a estudantes

Avaliam políticos; PGR vê violações à lei
Daniela Lima – Painel – Folha de S.Paulo

A nota em que o Ministério da Educação desautorizou pais, alunos e professores a estimularem e divulgarem protestos contra sua política foi vista como uma declaração de guerra ao setor por políticos experientes que, até a publicação do texto, apostavam no arrefecimento dos atos. Chamada de “tresloucada” e “autoritária”, a medida será questionada e chamou a atenção da PGR. Para Luciano Mariz Maia, vice-procurador-geral da República, ela pode violar o ECA e outros dispositivos legais.
Orlando Silva (PC do B-SP) disse que irá representar contra o  ministro Abraham Weintraub (Educação) por abuso de poder, improbidade administrativa e crime de responsabilidade.
Informado sobre o teor da nota, Luciano Mariz Maia disse que o texto permite “extrair o entendimento de que o MEC adota como verdadeira a premissa de que as manifestações são político-partidárias”. A conclusão do documento, diz,  afronta a Constituição. O vice-procurador-geral diz ainda que o texto do MEC viola o artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata das garantias inerentes ao direito de liberdade. 

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Brasil se reinventa quase sempre para pior

Por José Arlindo Soares*
Amigos, o Brasil é mesmo um País que se inventa dia a dia e quase sempre para pior. Agora, esse Pacto entre Instituições. Pacto se faz entre partidos, sindicatos, movimentos sociais diversos quase sempre realizados em um momento de refundação do País onde as instituições não estão funcionando plenamente (Pacto de Moncloa).
Agora, o Toffoli sempre com baixa credibilidade para chefiar uma instituição como o STF, inventa um Pacto entre as Instituições e o Ônix pega carona para valorizar as manifestações pró-Bolsonaro.
Ora, as instituições simplesmente devem funcionar como diz a Constituição. Os pactos implicam ceder posições, por exemplo, renunciar parte de um programa partidário para melhorar a estabilidade econômica, etc. Não sei o que o STF pode ceder e muito menos o Congresso?
*Ex-secretário de Planejamento

Em seis meses, governo do México inaugura 83 campi de universidade pública

De acordo com presidente López Obrador, construção das instituições são em 'distintas partes do país', principalmente em áreas pobres



O governo do México anunciou nesta terça-feira (28/05) que já foram inaugurados 83 novos campi da Universidade Benito Juaréz García desde que o presidente Andrés Manuel López Obrador inciou seu mandato há seis meses atrás.

Em entrevista coletiva concedida ao lado de López Obrador, a coordenadora do Sistema de Universidades Públicas Benito Juárez, Raquel Sosa, afirmou que mais de 7 mil jovens já se matricularam na universidade e que o objetivo do governo é alcançar 300 mil alunos.


De acordo com o projeto da Universidade Benito Juárez, serão construídos 100 campi da instituição que é totalmente pública e gratuita. As 83 sedes que já estão em funcionamento operam em locais cedidos pela própria comunidade até que os prédios definitivos comecem a ser construídos, informou Sosa.

O governo mexicano ainda anunciou um aumento na oferta de bolsas de estudo, que prevê um auxílio financeiro de 2.400 pesos (aproximadamente R$540,00) aos estudantes de baixa renda.

A universidade pública Benito Juárez García foi uma promessa de Obrador durante as eleições mexicanas de 2018. De acordo com o presidente, a localização dos campi foi escolhida levando em conta o nível de instrução médio da população local e o nível econômico da região, priorizando "os mais humildes" e levando instituições de ensino à "distintas partes do país".

"[As universidades] serão construídas nas zonas mais pobres e marginais do país, onde não há escolas de nível superior", afirmou AMLO.

A Benito Juaréz García é um projeto que visa contemplar uma universidade ou mais por estado, que tenha de 15 mil a 45 mil habitantes e que estejam longe dos centros urbanos.

Até o momento do projeto, os cursos ofertados se encaixam nas áreas de desenvolvimento sustentável, energia, estudos sociais, agroalimentação e saúde.

O programa de Bem-Estar do país também garante ajuda aos alunos da educação básica e mães trabalhadoras que tenham filhos de um a quatro anos.

Weintraub vira o “Ministro da Deduração”

POR FERNANDO BRITO · no Tijolaço


É, na verdade, o desdobramento oficial de uma campanha dos histéricos na rede com a hashtag “Dia30Meufilho não vai”.

É óbvio que isso não existe, que professores não fazem isso e nem teriam condições de coagir alunos desta forma e que é uma mera desculpa para classificar, de novo, os estudantes como massa de manobra de interesses corporativos do magistério.

O mais grave, porém, é o ministro estimular uma onda de denuncismo contra professores, pedindo que mandem provas para o Ministério tomar “as providências cabiveis”.

Sabe aquele mau aluno, aquele pai ou mãe recalcado que acha que é apenas do professor o desempenho ridículo? Pois é, basta armar uma “denúncia” contra ele.

Aí é só mandar para o “Ministro da Deduração” que ele será punido, tão certo como a Terra é plana.

Heilavo!

Governar pelo pânico



POR FERNANDO BRITO ·no Tijolaço


A manchete de hoje da Folha deve ser vista como mais um desdobramento da política do Governo Bolsonaro.

Não, não da política econômica, que essa ele não tem; da politica, mesmo, do relacionamento com o Legislativo.

O elemento de “persuasão” é sempre, ainda que com várias formas, a ameaça de que, se os deputados não votarem rápido e sem muitas mudanças o que o Governo quer, serão os responsáveis por um caos que, entre outas coisas, deixará idosos, aposentados e beneficiários da assistência social sem receberem suas rendas já miseráveis.

Não é assim com a reforma da Previdência?

O crédito suplementar para o reequilíbrio contábil – pois é disso que se trata- das contas públicas tem sua necessidade prevista há meses, sem que o governo demonstrasse qualquer ânimo extraordinário em fazê-lo aprovar.

Prefere medir canetas e planejar uma Cancún em Angra dos Reis. O período de maior sensibilidade dos eputados aos pleitos do governo foi desperdiçado com loas a Israel, golden showers, olavismos e, a seguir, armamentos e “coafadas”.

Não é, embora também seja, por incapacidade pura de governar: há um conteúdo de chantagem, copiando com gente o que o “mestre” Donald Trump fez com o muro mexicano: o shut down do Governo.

Sim, com gente, porque se teimarem em colocar regras e limites na liberação de verbas, suspende-se o pagamento de benefícios dos pobres e miseráveis.

Igualmente, cria-se uma justificativa “moral” para cortar impiedosamente as verbas dos serviços públicos.

Nada é sagrado para os homens do “Deus acima de Tudo”, exceto o poder.

Discípula de Damares: Pastora afirma que Gabriel Diniz foi para o interno e revolta fãs do cantor


Do TV Foco:


Nesta quarta-feira, 29 de maio, a pastora Julia Tuma causou nas redes sociais ao dar declarações polêmicas sobre a morte do cantor Gabriel Diniz, que morreu na última segunda-feira, 27 de maio, após não resistir a uma queda de avião.

Através de seu perfil nas redes sociais, a pastora afirmou que Gabriel Diniz foi parar no inferno e deixou os internautas revoltados com as declarações polêmicas.


“Caiu o avião daquele da Jenifer, meu Deus a vida é um sopro”, declarou inicialmente a pastora Julia Tuma. “Cantar para o diabo é um caminho sem volta. O pior de tudo é que foi para o inferno”, afirmou ela sobre a morte de Gabriel Diniz.

(…)

Estudantes voltam às ruas contra bloqueio na educação


Folha de S.Paulo

Estudantes e professores de escolas públicas e privadas voltarão às ruas em todas as regiões do país nesta quinta-feira (30) para realizar seu segundo protesto contra os bloqueios na verba para a educação promovidos pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A manifestação será encabeçada pela UNE (União Nacional dos Estudantes) e incluirá, desta vez, centrais sindicais contrárias à reforma da Previdência, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Recursos para todas as etapas de ensino, da educação infantil à pós-graduação, foram reduzidos ou congelados pelo governo federal. A medida inclui verbas para construção de escolas, ensino técnico, bolsas de pesquisa e transporte escolar.
O presidente chegou a chamar quem foi às ruas no primeiro ato de imbecis e "idiotas úteis" usados como "massa de manobra". Porém, uma semana após a mobilização, repôs parte da verba contingenciada da área.

Pacto de Bolsonaro: contra crime “nas ruas e gabinetes”


O texto do pacto proposto por Bolsonaro também foi criticado por alas do Congresso. Especialmente o trecho final, que exalta o combate ao crime “nas ruas e nos gabinetes”, e foi lido como forma de criminalizar a política.

O documento formulado pelo governo fala em invocar “as demandas do povo como o grande farol de nossa democracia” e na inauguração de “um novo tempo”. O texto prega a “defesa da vida e da dignidade humana; o respeito às liberdades individuais e à propriedade privada”. O livre mercado é exaltado.
Deputados dizem que Bolsonaro não busca um pacto, e sim o endosso de seu programa de governo. Fincados em generalidades, dizem os críticos da ideia, os termos precisam ser analisados à luz de propostas já feitas pelo presidente antes de serem validados. (Folha Painel)

quarta-feira, 29 de maio de 2019

A rua, amanhã, é minha história e minha família

POR FERNANDO BRITO  no Tijolaço

Meu pai, filho de migrantes de Alagoas, era um bancário que só virou professor porque havia uma universidade pública.

Minha mãe, filha de pintor de paredes e de uma costureira, austeros e queridos, também só pôde começar uma faculdade – e depois, já na maturidade, concluí-la – porque era pública, pois ser professora primária e criar dois filhos jamais a permitiriam pagar por isso.

Eu e meu irmão, universidades públicas. Minha filha mais velha, pós-doutora por uma universidade pública. Minha sobrinha mais velha, igual, formada numa universidade pública.

Não ir à rua amanhã seria trair a mim e trair a todos eles.

Pior, a todos os homens e mulheres, de ontem, de hoje e de amanhã que, como nós, tem, teve e terá na universidade pública a oportunidade, que infelizmente ainda é um privilégio, de aprendermos tudo: a sentir, a pensar e a trabalhar.

Mesmo os que podiam pagar, mesmo os que hoje são economicamente bem sucedidos economicamente – colegas ontem, amigos hoje e sempre, que são executivos ou ex-executivos de grandes empresas – sabem e reconhecem que se tornaram pessoas melhores naquele ambiente democrático e plural, muito mais que se tivessem vivido em gaiolas de ouro.

Fizemos, todos nós – exceção, acho eu, feita à minha mãe, do tempo em que “moças de bem” não podiam fazê-las – balbúrdias, bagunças, cervejadas, empurramos trabalhos meia-boca, seminários de fancaria, tudo o que se permite aos jovens fazer quando se despedem da irresponsabilidade e passam a ser profissionais.

Aliás, na juventude, talvez pudéssemos não perceber o quanto eram importantes aquelas escolas que, se privadas, não teríamos. Na maturidade, porém, já nem este direito temos.

Desertar do dever de defender a universidade é fugir de lutar por seus pais, por seus filhos, por seu país.

Sim, o nosso país, que não pode existir e menos ainda crescer se não houver produção de conhecimento e a ânsia de saber e de criar.

O que moveu e o que moldou minha vida, desde quando usávamos a blusa branca, com “EP” de Escola Pública bordado em linha azul, que passou pelo ensino técnico, que foi à Universidade, que me levou a Brizola e a Darcy Ribeiro, faz disso, aliás, mais que um dever. É algo tão vital como respirar e pulsar.

Nem minha escolha em ser eremita, o dia inteiro a escrever, pode servir de desculpa à omissão, à obrigação de colocar a cara e o corpo diante dos monstros que nos assombram.

Um pacto para se desconfiar

“Palavra que vem do Planalto não vale um real”
O pacto proposto por Jair Bolsonaro aos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo não despertou a confiança dos principais líderes do Congresso.
A sentença “palavra que vem do Planalto não vale um real” tornou-se corrente nos corredores do Legislativo.(Painel – FSP)

Carta do Papa para Lula


Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo

Papa Francisco enviou uma carta a Lula neste mês lamentando “as duras provas que o senhor viveu ultimamente”. No texto, ele cita a morte de dona Marisa, do irmão de Lula, Genival Inácio, e do neto dele, Arthur.
O papa diz que ora por Lula e pede que o petista “não deixe de rezar por mim”. A correspondência é uma resposta a uma carta que o ex-presidente enviou ao santo padre em março.
O pontífice faz ainda considerações religiosas. E diz que, graças ao “triunfo de Jesus sobre a morte”, os homens podem acreditar “que, no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação”.
 “É uma carta que carrega muitas mensagens, além daquelas de afeto”, diz a advogada Carol Proner, que faz parte de um grupo de estudos no Vaticano e teve acesso à correspondência.

O golpismo continua no ar

Bolsonaro precisa domar os seus cavaleiros do Apocalipse
Elio Gaspari – Folha de S.Paulo
Durante a campanha eleitoral o general Hamilton Mourão falava em "autogolpe". Pouco depois da vitória de Jair Bolsonaro, seu ministro da Economia sonhava com uma "prensa" no Congresso. Há pouco, o doutor Paulo Guedes queixou-se de uma imprensa "a fim só de bagunçar" e de uma oposição que quer "tumultuar, explodir e correr o risco de um confronto sério". Quem ouviu a rua no domingo sabe que o sujeito oculto, e às vezes explícito, dos discursos e cartazes era a hostilidade ao Congresso. Esse é o nome do golpismo.

Nem todas as 58 milhões de pessoas que votaram em Jair Bolsonaro eram golpistas, mas todos os golpistas votaram no capitão. Passados cinco meses, a banda golpista encolheu na rua e no andar de cima. Como o sapo de Guimarães Rosa, não fez isso por boniteza, mas por precisão. Mesmo assim, escalou-se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para o papel de Pixuleco da vez.
De boa-fé, o mais ardente dos bolsonaristas haverá de reconhecer que Maia defende a reforma da Previdência há mais tempo e com mais ardor que Bolsonaro. O golpismo está sem ideias.
Tome-se o caso da reforma. Os dois pontos mais contestados são as mudanças no benefício aos miseráveis e a proposta do regime de capitalização. Paulo Guedes já disse que a primeira mudança poderá ser opcional e a segunda, além de opcional, poderá ficar para mais tarde. Admitindo-se que se crie um regime de capitalização opcional para quem entra no mercado de trabalho e que o cidadão possa optar por um fundo do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica, onde está o problema?
A balbúrdia que ronda a reforma e outras iniciativas do governo não é alimentada por uma oposição tumultuante e explosiva. Ela vem de dentro de um governo desconexo onde brilha quem aposta no tumulto.
Bolsonaro tem quatro cavaleiros do Apocalipse. São os ministros Abraham Weintraub (Educação), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Ricardo Salles (Ambiente) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). Basta compará-los a quatro ilhas de tranquilidade: Tereza Cristina (Agricultura), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Santos Cruz (Secretaria de Governo).
Leia artigo na íntegra clicando ao lado: O golpismo continua no ar - Folha

Longe da carnificina

O Governo Bolsonaro não tem sintonia nem organização. Um exemplo mais recente é a ausência do ministro da Justiça, Sergio Moro, na tragédia de Manaus, onde 55 presos foram mortos numa tentativa de rebelião. Para os mais desinformados: Moro fugiu da carnificina em Manaus e está em Portugal degustando vinhos das melhores safras portuguesas.(Blog de Magno Martins)

terça-feira, 28 de maio de 2019

Estudantes do Paraná recuperam faixa em defesa da educação retirada por bolsonaristas

EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA!

A CEU recuperou a faixa retirada da fachada da UFPR (Universidade Federal do Paraná) durante as manifestações, no último domingo (26).

Durante o ato, duas de nossas estudantes enfrentaram a resistência dos manifestantes para alcançar o banner, que só foi entregue pela própria organização do evento.


Ao estender essa faixa, nossa instituição ergue uma bandeira: a educação pública, gratuita, de qualidade e acessível a todos!

Nós ressaltamos: esse ato é simbólico e importante para nossa geração. É um episódio que não traz consigo nenhuma vinculação partidária, pois a existência da CEU, por si só, já é um grande ato político.

Bolsonaro pede e Jovem Pan demite Marco Antonio Vila



247 - Crítico do governo Jair Bolsonaro, o apresentador da Jovem Pan Marco Antonio Villa foi demitido da emissora. O afastamento seria decorrente das críticas à gestão do atual presidente e membros como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o escritor Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro.

Com a demissão, a Jovem Pan torna-se explicitamente bolsonarista, de olho em verba publicitária. 

Villa foi porta-voz da extrema-direita no processo que terminou com o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016. Agora a direita começa a punir quem se mostra contra suas políticas. A liberdade de expressão está definitivamente em xeque.

Uma das críticas do apresentador ao governo aconteceu em março, quando o jornalista rechaçou a ideia de liberar o acesso ao Brasil de norte-americanos sem visto. Também bateu duro no deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), para quem brasileiro que migra ilegalmente para os Estados Unidos é uma vergonha. 

"A questão do visto. Sem reciprocidade? Quer dizer que americano entra no Brasil sem visto e o brasileiro [não pode fazer o mesmo]? Aí, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro, diz que o brasileiro que é imigrante clandestino nos EUA é uma vergonha. Vergonha é você, Eduardo, que põe boné do Trump. Você é uma vergonha, não o brasileiro que vai lá trabalhar. É inacreditável a irresponsabilidade", disse Villa.

"Esta viagem está sendo desastrosa e, não o digo com prazer, os resultados serão desastrosos", acrescentou (veja aqui).

O apresentador também já afirmou que o chanceler Ernesto Araújo está a serviço de uma potência estrangeira. "Quando eu falo de política externa, penso no nosso Brasil. A recuperação econômica não pode ser prejudicada pela irresponsabilidade de uma política externa a serviço de interesses antinacionais e que coloquem em risco a segurança do Brasil", disse ele em comentário publicado no site da emissora no dia 14 deste mês.

2020: Lula começa a articular alianças

De olho nas eleições do ano que vem
Em reunião com dirigentes do PDT e do PSB na semana passada, o ex-presidente Lula falou sobre a construção de uma rede de esquerda de oposição a Bolsonaro, mas também iniciou conversas sobre alianças com o PT nas capitais, já de olho nas eleições de 2020.

PT deve apresentar um pacote de projetos para combater o desemprego, alavancar o consumo e ampliar a arrecadação. Algumas das propostas já foram protocoladas no Congresso por deputados e senadores do partido e serão apenas reempacotadas.
Olho por olho A iniciativa está dentro da nova diretriz da legenda de formular propostas para se contrapor às políticas de Bolsonaro.  (Daniela Lima – FSP)

Após atos, Bolsonaro acena ao Legislativo e Judiciário

Presidente, que classifica protestos de domingo como ‘históricos’, convida Rodrigo Maia (Câmara), Davi Alcolumbre (Senado) e Dias Toffoli (Supremo) para encontro no Alvorada
Tânia Monteiro e Vera Rosa, O Estado de S.Paulo

Um dia após as manifestações de rua em defesa do governo, o presidente Jair Bolsonaro decidiu fazer um afago na direção do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, na tentativa de reconstruir pontes.
Alertado de que as mobilizações do domingo causaram um mal-estar ainda maior nas relações com o Legislativo e o Judiciário, Bolsonaro convidou os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo, Dias Toffoli, para um café da manhã, nesta terça-feira, 28, no Palácio da Alvorada.
A ideia de Bolsonaro é tentar uma reaproximação com os chefes dos Poderes, propondo um “pacto pelo Brasil” e a favor das reformas da Previdência e tributária, além do apoio a projetos sobre segurança públicaconforme havia sugerido Toffoli, ainda em fevereiro.
Nos bastidores, integrantes do Congresso e do Judiciário avaliam que, mesmo com desconfianças em relação a Bolsonaro, é necessário investir rapidamente em um acordo para evitar que as crises política e econômica se aprofundem.

domingo, 26 de maio de 2019

A democracia começa a ficar fora de controle

Sinais do risco
Jânio de Freitas – Folha de S.Paulo
As palavras, a forma, variam um pouco. O motivo é invariável. "A democracia está em risco?" / "resistirá por quatro anos?" / "vão esperar que aconteça o quê?"

As perguntas são também respostas preliminares, como expressões de um sentimento que se espraia e se aprofunda. Indagações inquietas são percebidas até em parlamentares vividos que se apresentaram, no início da legislatura, dispostos a apoiar Bolsonaro.
Enganam-se os que difundem as sucessivas derrotas de Bolsonaro e Sergio Moro no Congresso como represália, por falta de toma lá dá cá, ou falha de coordenação no governismo. Bolsonaro tentou. Mas as promessas de mais ministérios para mais nomeações e, ainda melhor, de R$ 1 bilhão para destinação pelos parlamentares não evitaram as derrotas dele e de Moro.
Bolsonaro é adepto confesso de ditadura. Os contatos que seus emissários têm buscado, no exterior, são com os governantes opressores, na Hungria, na Polônia, na Itália, em Israel. Não é à toa, claro. Tanto pode ser para uma rede de apoios mútuos do direitismo extremado, como —o mais provável— para coleta de vitoriosos modelos de avanço sobre o Legislativo e o Judiciário.
Não falta quem esteja atento, na Câmara e no Senado brasileiros, para os atos de desgaste que Bolsonaro lhes dirige. Agora adotados também por Paulo Guedes, com sua ameaça, recebida como chantagem política, de deixar o governo se a "reforma" da Previdência não sair do Congresso ao seu agrado. O provável é que Paulo Guedes se surpreenda com a resposta prática à ameaça.
A liberação da posse armas, inclusive de fuzis no decreto original, recebeu várias explicações. Fora delas, eis a recomendável: é, no mínimo, uma provocação, de variados alcances. O que não exclui outros objetivos possíveis. O argumento de que Bolsonaro cumpriu o que disse na campanha só é aplicável por bobos e cínicos. E aceito por bobos e distraídos. Bolsonaro disse também, por exemplo, que ia retirar o Brasil da ONU. Onde está a palavra dada nessa e em tantas outras maluquices de igual quilate? Ocasiões para cumpri-la não faltaram, em seus cinco meses de tanta enrolação e nenhum momento produtivo.
Tanto quanto a Bolsonaro, a liberação de armas põe em questão os quase incontáveis militares do governo: nem um só foi capaz de uma atitude, uma palavra ao menos, em favor do bom senso e da vida civil. Há meia dúzia de meses, o Exército estava ainda como interventor no Estado do Rio e em operação no Rio Grande do Norte contra ataques de quadrilhas. Essas ações do Exército confirmam a responsabilidade que assume pela segurança da população. Responsabilidade inconciliável com a medida que não diminui a insegurança, só pode aumentá-la. Ainda assim, aceita e avalizada pelo silêncio dos generais que, não adiantam as negações, representam o Exército no governo mais do que o próprio Ministério da Defesa.
A democracia começa a ficar fora de controle. Com ela, Bolsonaro nunca teve compromisso, nem quando congressista. Se os generais representantes do Exército e o Ministério da Defesa aceitam medida contrária à segurança pública que a Constituição lhes atribui, o risco vai mais longe. É também institucional: os militares expõem a possibilidade de sua maior concordância com Bolsonaro do que a democracia suportaria. É uma hipótese em aberto. Clareada em um ou em outro sentido, servirá de base para uma resposta objetiva àquelas perguntas iniciais.
No que a democracia depender de Bolsonaro, o já indiscutível é sucinto: estamos diante de uma aberração.

Ganhar perdendo


Coluna de Carlos Brickmann

Digam o que disserem os teóricos, o fato é que a anarquia funciona. Jair Bolsonaro tem seus líderes no Congresso, mas cada um diz uma coisa, faz outra e, no caminho, descumpre os acordos que acertou. O próprio Bolsonaro pede uma coisa e luta por outra. O fato é que funcionou: a reorganização do Ministério foi aprovada (só que o Coaf ficou na Economia, em vez de ir para a Justiça, e a Funai ficou com a Justiça, saindo dos Direitos Humanos – e Bolsonaro, que propôs as mudanças, agora quer que tudo fique como está).
O ministro Moro ficou chateado ao perder o Coaf, mas parece já acostumado a apanhar. Há uma reforma tributária pronta para ser votada. Não é a de Paulo Guedes, mas foi redigida por um economista de porte, Bernard Appy; Paulo Guedes pode usá-la. Há uma reforma da Previdência (dos tempos de Temer) já em estágio avançado. É acoplar esta à de Guedes, fazer um substitutivo e pronto. Guedes disse que, se a reforma for daquelas meia-boca, pede para sair. Mas é provável que se entenda bem com Appy e equipe, e se acertem.
Claro que, no meio da confusão do Governo e de sua difícil relação com o Congresso, de repente tudo pode desandar. Quem tem tocado as reformas para a frente é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um primeiro-ministro informal. O líder do Governo na Câmara, Major Vitor Hugo, brigou com ele. Mas os líderes do Governo estão brigados entre si (e às vezes agem contra o Governo de que são líderes). O Governo perde todas, mas é assim que ganha.