FERNANDO RODRIGUES - FOLHA DE S.PAULO
Ao
se negar a romper com o PSB nos governos estaduais socialistas dos
quais participa, o PT opta por esticar ao máximo a aliança entre as
legendas, por mais frágil que seja essa associação no momento.
Uma das
razões da vitória de Dilma Rousseff em 2010 foi a sua coalizão oficial
ter englobado dez partidos, um recorde histórico entre todos os
vencedores de disputas pelo Palácio do Planalto. O PSB esteve nessa
aliança dilmista.
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o marqueteiro João Santana,
estrategistas do projeto reeleitoral de Dilma, consideram fundamental
ter o maior número possível de legendas no campo governista. Essa
configuração daria grande tempo de TV para a candidata, sufocando
rivais.
O objetivo de
Dilma é tentar vencer no primeiro turno. A ordem da direção petista é
não hostilizar o PSB. Engolir a seco a estratégia mais beligerante do
governador Eduardo Campos (PE), que determinou na semana passada que os
socialistas deixassem seus cargos no governo federal.
Apesar de a
situação parecer quase irreversível, tudo ficaria pior se nesta semana
os petistas também anunciassem que iriam abandonar os governos estaduais
do PSB. Há muito de cálculo político na decisão de ficar com os
socialistas esperando por (hoje improvável) eventual reedição da aliança
nacional em 2014.
O PT quis
evitar o emparedamento do PSB. Deixou porta aberta para Campos ensaiar
recuo mais adiante. A esperança de Lula é que a economia melhore até o
início do ano que vem, Dilma obtenha altas taxas de aprovação e que o
governador empaque nas pesquisas no patamar dos 5%.
Sem chances reais de vitória, Campos então poderia reavaliar o quadro e adiar seu plano presidencial para 2018.
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