A manifestação em defesa da Lava Jato e contra as mudanças
no pacote anticorrupção realizada na Esplanada dos Ministérios na manhã
deste domingo (4), pode ser resumida em apenas duas palavras: monumental
fiasco.
Segundo a PM – sempre condescendente com esse tipo de
movimento – havia cerca de 5 mil pessoas. Para os organizadores – sempre
descolados da realidade – seriam em torno de 15 mil. Um devaneio como
tudo que lhes diz respeito.
De qualquer forma, por mais inflado que possa ter sido, o
número de participantes não chegou a 10% dos verificados nas
manifestações anteriores, quando Dilma e o PT eram os alvos de seus
impropérios.
Mais do que um fato estatístico, o esvaziamento das
manifestações “contra a corrupção” e pela “moralização da política
brasileira” desnuda o cerne dos interesses envolvidos a depender de quem
está no alvo dos “patriotas”.
Sem os valiosos financiamentos dos partidos políticos de
direita e demais beneficiários diretos do impeachment, os movimentos
“apartidários” perderam significativamente o seu poder de manobra sobre
os seus midiotizados.
Na esteira da vez, Rodrigo Maia, presidente da Câmara e,
principalmente, Renan Calheiros, presidente do Senado, outrora queridos
por defenderem abertamente a saída de Dilma, se viram agora como os
principais malfeitores da República.
Acusados de atentarem contra a operação Lava Jato e as 10
medidas anticorrupção (como se isso não já fosse evidente há meses), os
dois foram banidos da lista de parlamentares que ainda servem à causa
coxinha.
No mais, mais do mesmo. O juiz Sérgio Moro foi endeusado no
lugar que já pertenceu a Joaquim Barbosa, ao japonês da Federal e aos
demais heróis de ocasião que a mídia adora criar e depois descartar ao
seu bel prazer.
Os pró intervenção militar, é claro, não poderiam faltar.
Tentei conversar com eles mas diante das primeiras gotas de chuva que
jogou um balde de água fria nos manifestantes, os destemidos defensores
da moral e dos bons costumes bateram em retirada.
Sobrou o já folclórico personagem que considera salutar ir a
uma manifestação que se diz em defesa da soberania brasileira
fantasiado de Barack Obama. Com direito a faixa presidencial nas cores
da bandeira americana.
Questionei o porquê dele vir a um evento daquela natureza
vestido assim. Me disse, orgulhoso, que seria uma forma de chamar a
atenção do mundo para o que estava acontecendo no país. No seu
entendimento, seria o presidente dos Estados Unidos, e não o do Brasil, o
político com a capacidade internacional de dar visibilidade ao
movimento. Dada a mediocridade do nosso atual presidente, não está de
todo errado.
E por falar em mediocridade, não houve qualquer faixa,
discurso ou sequer menção a Michel Temer. O cidadão foi mais uma vez
completamente ignorado. Porém, se em Chapecó o desprezo dado a ele se
deu por um ato de grandeza do povo daquela cidade em respeito aos seus
mortos, por aqui, o silêncio era de vergonha mesmo.
Dono de uma equipe ministerial afundada em corrupção,
responsável pelo aprofundamento da crise econômica e social e sem
qualquer legitimidade internacional, os ditos independentes preferiram
não tocar no assunto.
A manifestação acabou da mesma forma que teve início, vazia e
melancólica. Para quem observava tudo de fora como eu, algumas cenas
não deixavam de ser ilárias como a de uma senhora que fazia coraçãozinho
com as mãos para os policiais militares.
Pensando bem, para quem não tem problema em passar vergonha, até que foi um bom programa de domingo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário