VALDO CRUZ *
Não
é de hoje que as ações dos 'black blocs' passaram do limite. O episódio
de sexta-feira, em que mascarados agrediram um comandante da PM, talvez
seja a gota d'água para uma reação mais articulada e eficaz dos
governos. Afinal,
entramos numa situação de emergência, a um passo do pior. Executivo e
Legislativo -- federal, estadual e municipal -- precisam se articular e
colocar um fim nos atos de violência e de depredação de patrimônios
público e privado.
O fato é que nossos
governantes demoraram um bocado a reagir quando grupos radicais
começaram a mostrar suas garras, aproveitando-se das manifestações
pacíficas. E, depois, o fizeram de forma um pouco equivocada.
Pesou, e muito, estarmos em
véspera de campanha eleitoral. Os donos do poder, de olho em seus
futuros políticos, tentaram se equilibrar entre a defesa do direito
democrático de livre expressão e a repressão mais ativa contra
baderneiros.
Confundiram as coisas ou
delas tiveram medo. Deu no que deu. Os covardes, que se escondem atrás
de máscaras e defendem atos de violência como forma de protesto,
ganharam terreno, ocupando o papel de protagonistas pós-junho.
Interessante notar que,
quando estão em jogo interesses vitais dos donos do poder, eles saem da
zona de conforto do discurso e montam ações eficazes. Foi o que ocorreu
no leilão do campo de Libra, joia da coroa do Palácio do Planalto.
Acionado, o Exército armou
operação de guerra no local do evento, próximo a uma praia no Rio. Seu
poder dissuasivo funcionou. Havia mais banhista do que manifestantes.
Assessores presidenciais comemoraram o sucesso da estratégia.
Não defendo fazer do
Exército nas ruas uma rotina. Melhor que nem fosse preciso. Mas o leilão
de Libra mostrou que, quando se quer, as coisas funcionam. Enfim, os
'black blocs' não são mais um problema só local, mas também nacional.
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