quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dirceu mantém influência em setores do PT

José Dirceu, há dez anos, vivia o auge de sua carreira política. Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência, em 2002, ele se tornaria ministro-chefe da Casa Civil e exerceria o posto até ser acusado, em 2005, de chefiar um esquema de compra de apoio político no Congresso, o mensalão. A acusação acabaria chancelada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012.
Dirceu saiu do governo e está longe de cargos públicos, mas ele continuou a ser um alvo prioritário da oposição e uma figura altamente polarizadora da política nacional, capaz de gerar ódio entre críticos e fascínio entre simpatizantes.
Alguns aliados e adversários acreditam que ele jamais perdeu a ascendência no PT e até no Governo Federal e, mesmo preso, continuará ativo politicamente. “Com certeza ele manterá seu espaço no PT e na política nacional”, afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que completou: “Eventuais erros que possamos ter cometido e as dificuldades por que passamos não inviabilizam a possibilidade de corrigirmos os rumos e darmos a volta por cima”.
Um assessor de Dirceu afirmou que sua futura participação política dependerá das condições de sua pena. Até a sua prisão, o ex-ministro mantinha um blog, em que comentava temas políticos. O assessor afirma que, caso a sentença não o prive de escrever, ele continuará a atualizar o blog.
No entanto, outros colegas de partido avaliam que Dirceu está marginalizado politicamente e que, com a prisão, seu poder vai encolher ainda mais. Um deputado federal do PT diz que o ex-ministro continuará participando dos debates internos do partido, mas que antes da prisão ele já não tinha mais qualquer influência direta na legenda.
De acordo com o parlamentar, Dirceu exerceu posição de destaque no PT somente até deixar o governo, em 2005. Ele lembra que, ainda naquele ano, a corrente majoritária do partido o excluiu da Comissão Executiva Nacional e que, na última eleição interna da sigla, na semana passada, ele não ingressou nem sequer no diretório nacional.
“Hoje, a importância do Dirceu (no PT) é meramente simbólica”, diz o professor de História Contemporânea da USP Lincoln Secco, autor do livro História do PT.
Sem posição no aparelho do Estado ou do partido, o professor diz que Dirceu não exerce mais influência sobre as bases do PT. Além disso, segundo Secco, a postura da cúpula partidária condiz com as diretrizes que passaram a ser seguidas pela sigla nos anos Lula.
O papel que o ex-ministro exerce hoje no PT contrasta com sua participação no partido entre 1995 e 2002, quando presidiu a sigla. O professor afirma que naquele período, com mão de ferro, Dirceu conseguiu unificar a sigla e transformá-la numa “moderna máquina eleitoral social-democrata”.
“Sem ele, o PT não teria tido a mesma chance de ganhar em 2002″, diz. “O Lula nunca teve capacidade de resolver problemas internos do partido e sempre precisou que alguém que fizesse isso. O Dirceu foi essa pessoa; o legado dele é o que o PT é hoje”, completou. As informações são da BBC Brasil.

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