O Tribunal de Contas do Estado, em sessão do Pleno realizada hoje,
determinou a expedição de ofício a todos os prefeitos do Estado com um
"Alerta de Responsabilização" sobre a aplicação de verbas recebidas
pelos municípios em precatórios do Tribunal Regional Federal (TRF).
Esses precatórios são referentes a diferenças de repasses da
complementação federal do extinto Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).
Segundo o Ministério Público de Contas de Pernambuco, alguns
municípios receberão mais de 100 milhões de reais nas próximas semanas.
Para resguardar que estas verbas extraordinárias sejam aplicadas
corretamente, o procurador Gilmar Severino de Lima ingressou com uma
representação no TCE, pedindo a expedição do "Alerta". "Faz-se
imprescindível a atuação do Tribunal de Contas, intervindo e alertando
os gestores, no sentido de garantir que os recursos públicos percebidos
em decorrência de complementação do antigo Fundef sejam aplicados em sua
destinação correta", asseverou Gilmar Severino de Lima.
Conforme a discussão da matéria pelos conselheiros, há grande
controvérsia jurídica sobre a existência ou não de vinculações legais na
destinação de tais recursos. Enquanto os municípios defendem a livre
aplicação das verbas, sindicatos de professores pedem uma vinculação ao
pagamento dos docentes.
No Poder Judiciário, o tema também é controverso. Em Fortaleza, o TRF
concedeu uma liminar aos professores acatando a vinculação da verba,
mas a decisão foi suspensa pela ministra Cármen Lúcia, presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme o MPCO informou, o Ministério
Público Federal em Pernambuco também tem procedimento investigatório
sobre o assunto.
Para uma melhor análise das inúmeras controvérsias jurídicas da
questão, o TCE está recomendando a todos os prefeitos que não apliquem
ou utilizem os recursos, até uma definição de mérito do STF. A ministra
Carmén Lúcia já solicitou um parecer do procurador geral da República,
antes de levar a matéria ao plenário da Corte.
Os prefeitos que não obedeceram ao "Alerta" estarão sujeitos à
rejeição das contas de gestão, além de aplicação de multa e envio de
cópia do processo ao Ministério Público Estadual, para abertura de ação
penal e de improbidade. Outra deliberação dos conselheiros é que, na
análise das contas de prefeitos de 2016, a aplicação dos recursos dos
precatórios do Fundef passe a ser obrigatoriamente analisada.
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