domingo, 24 de janeiro de 2016

Polícia recaptura 39 dos 40 que fugiram do Curado

Do G1 PE
Segundo a Seres, dois homens morreram e um está hospitalizado.
Apenas um dos presos continua foragido, de acordo com balanço oficial.
A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que 40 presos fugiram após a explosão que destruiu parte do muro do Presídio Frei Damião de Bozanno (PFDB), no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife, na tarde de sábado (23). O balanço oficial, divulgado neste domingo (24), aponta que a 36 já foram recapturados pela Polícia Militar e dois morreram.
Ainda segundo o balanço, apenas um preso permanece internado no Hospital Otávio de Freitas (HOF), também na capital pernambucana. Dos 40 que fugiram, um continua foragido na manhã deste domingo (24). A fuga em massa do Complexo do Curado aconteceu três dias após 53 presos escaparem da Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, no Grande Recife.
Os presos recapturados serão submetidos ao Conselho Disciplinar, de acordo com a Seres. Uma sindicância vai ser aberta para apurar as circunstâncias da fuga. Um inquérito foi instaurado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para apurar o ocorrido.
Somente o PFDB, uma das unidades que compõem o Complexo do Curado, possui mais de quatro vezes o número de presos que poderia comportar. Atualmente são 1889 detentos para uma capacidade de apenas 454.
Apesar do ocorrido no sábado (23), as visitas foram mantidas neste domingo. O clima foi tranquilo, com as famílias entrando normalmente pela manhã. Placas de concreto foram colocadas no muro de forma emergencial. De acordo com a Seres, a reestruturação da muralha e da guarita da unidade estão sendo feitas de maneira provisória neste domingo (24), mas o trabalho definitivo ocorre apenas na segunda (25).
Imagem divulgada pelo Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco (Sindasp/PE) mostra o momento exato da explosão. No vídeo, é possível ver alguns presos fugindo pela cratera e uma correria generalizada dentro da unidade
Momentos de Terror
Logo após a fuga, policiais militares iniciaram buscas em ruas e residências próximas ao complexo e conseguiram recapturar um número ainda não informado de presos. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também realizou buscas em ônibus e outros veículos nos arredores da penitenciária na tentativa de encontrar os criminosos. Um deles chegou a invadir uma casa onde estava uma jovem de 17 anos. Foi nesse local, onde um dos detentos acabou atingido por um tiro e morreu.
O dono do imóvel, o ambulante Jersino Gonçalves, diz que a filha ficou em estado de choque com a presença do criminoso. "Ela me ligou desesperada. Ele veio se esconder aqui. Ia fazer a minha filha de refém. Mas antes que conseguisse foi morto. Minha filha está em choque, não consegui falar com ela", contou Jersino. O portão da casa dele a fachada de pelo menos outras três residências ficaram danificadas ao serem atingidas por destroços do muro.
Outros moradores da área relataram momentos de terror após a explosão. O mototaxista Carlos Alberto Silva contou que tomou um grande susto com o estrondo, por volta das 14h. "Era muito mais alto que um transformador estourando. Ainda ouvi a troca de tiros e vi muita gente correndo", relatou.
O atendente de restaurante Alexsandro Pereira, de 23 anos, precisou correr para tirar os sobrinhos de perigo. "Estava todo mundo na rua, meus quatro sobrinhos estavam brincando. A gente correu para pegá-los. Era muito tiro. Parecia um bloco de carnaval de tanto homem correndo na rua", relembrou. Além dos detento morto, vários outros ficaram feridos e levados para o Hospital Otávio de Freitas e Hospital da Restauração.
O presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco (Sindasp/PE), João Carvalho, afirma que protocolou um documento no dia 8 de janeiro, informando sobre uma suposta tentativa de fuga na unidade, que ocorreria com o uso de explosivos entre os postos de controle 5 e 6, justamente onde ocorreu a explosão. O documento, no entanto, afirma que a tentativa ocorreria entre os dias 9 e 10 de janeiro.
"Por que o governo é alertado em todos os momentos pelo serviço de inteligência e não toma nenhuma providência, como aconteceu na Barreto Campelo e agora aqui no Aníbal Bruno (antigo nome do Complexo do Curado). Essa pergunta precisa ser feita ao governo. Por que não coloca um reforço nas guaritas, um reforço na guarda interna, não dá estrutura para que os presos não possam escapar. Por que não tomam atitude? A gente já alertou essa questão na Barreto. O estado quer bater o recorde de evasão da população carcerária. O que eu estou vendo aqui é uma política de evasão de presos no estado", asseverou João Carvalho.

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