sábado, 9 de março de 2013

ARTIGO DE OPINIÃO: A AMERICA LATINA DE LUTO



A América Latina de Luto

Desde o último dia 5 de março, a América Latina está de luto pela morte de um de seus maiores líderes, o presidente da Venezuela Hugo Chávez. Com a morte de Chávez, a América Latina fica órfão de um político que, assim como SimónBolívar, sonhou com a integração de todo continente. Foi Chávez, que criou em 2011, a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), agrupando, pela primeira vez, a 33 nações da região, que assim se emancipam da tutela dos Estados Unidos e do Canadá. O que sempre moveu Chávez foi esse sonho de integração dos países latino-americanos e que seu povo tivesse uma vida mais digna sem ser explorado por suas elites que servem como cordeirinho aos Estados Unidos.
Ele também participou da criação da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América) em 2004. Nessa organização integradora, em que participam oito países, colocou-se o ser humano no centro do projeto de sociedade, com o objetivo de lutar contra a pobreza e exclusão social. Dentro de seu país, Chávez fez uma grande revolução. A Venezuela antes de Chávez possuía uma população, em que 70% dela viviam abaixo da linha de pobreza. Isso era algo revoltante já que o país possui uma das maiores reserva de petróleo do mundo (alguns estudos já dizem que é a maior) e seu povo vivia na miséria extrema.
Com a chegada de Chávez no poder, ele passou a redistribuir a riqueza do país com os mais pobres. Fez um grande acordo com Cuba em que mandou petróleo barato para a ilha e recebia em troca médicos e professores. E foi com esses médicos e professores que ele criou as chamadas Missões. E com as Missões, ele implementou a universalização do acesso à educação que ensinou 1,5 milhões de venezuelanos aprenderem a ler e escrever. Com o resultado desse trabalho é que em dezembro de 2005, a Unesco decretou que o analfabetismo havia sido erradicado na Venezuela.
Quanto à saúde, foi criado um sistema nacional público que garante o acesso gratuito a todos venezuelanos (nos Estados Unidos não há sistema gratuito de saúde, quem adoecer tem que pagar). Houve uma redução da mortalidade infantil de 49%, passando de 19 a cada mil para 10 a cada mil. São muitos os números sobre a Venezuela na época de Chávez, mas seu maior legado foi a reconstrução da autoestima de seu povo e, porque não dizer, do povo latino-americano, visto que suas ideias contagiaram todo o continente e influenciaram eleições como a do Equador, Bolívia, Nicarágua, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Para seus críticos, ele não passava de um ditador que governou por vários anos a Venezuela. Ora, se isso for ser ditador, a Inglaterra é um país ditatorial, pois a primeira – ministra Margareth Thatcher governou esse país por 11 anos sendo reeleita várias vezes. Seu sucessor Tony Blair governou por 10 anos nem por isso ninguém viu nenhuma nota, nessa mesma imprensa golpista, acusando esses primeiros-ministros de ditadores. O acusam de ter mudado a Constituição da Venezuela para poder se candidatar várias vezes, mas também não se ouve nada na imprensa contra Fernando Henrique que mudou nossa Constituição para poder também se candidatar. E o mais grave, comprando o voto dos deputados para poder aprovar a emenda constitucional da reeleição.
Chávez Participou de 16 eleições e venceu 15. Fez um referendo no meio de um dos mandatos para saber se a população queria que ele continuasse e venceu (coisa que nenhum país tem). Mas pode dizer que ele manipulava esses resultados. No entanto, isso não é verdade, pois todas as eleições na Venezuela eram fiscalizadas por observadores internacionais como a ONG Centro Carter do ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, que chegou a dizer que o sistema eleitoral da Venezuela era o melhor do mundo.
Esse “ditador” mudou seu país para melhor. A ONU reconhece que a Venezuela tem hoje o melhor índice GINI da América Latina, que está em 0,41(quanto mais perto de 1 é pior) e zero de analfabeto. O que será que esse homem faz para ser tão odiado por uma minoria elitista? Primeiro ele contrariou os interesse da maior potência do mundo, os Estados Unidos, quando reestabilizou a PDVSA (empresa de petróleo) e com isso direcionou todo lucro dessa empresa para benefício do seu povo. Passou a fazer a reforma agraria (até hoje o Brasil tenta fazer) e fez redistribuição de renda. Tudo isso revoltou a elite reacionária da Venezuela e da América Latina que não queriam que seus ideais se espalhassem pelo continente.  Esse foi Hugo Chávez Frias, um líder, um sonhador, um homem do povo e um das Américas. Faço minhas as palavras ditas pelo povo venezuelano durante seu velório “eu sou Chávez, todos somos Chávez.
Texto escrito pelo colaborador do blog: Professor José Fernando da Silva, Graduado em História pela UPE: Garanhuns-PE.      

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