quinta-feira, 23 de agosto de 2018

O cinismo dos predadores do Brasil

POR  · do TIJOLAÇO


Muitos deve se recordar que no final de 2015, já em plena marcha da conspiração que levou ao impeachment, criticou-se aqui um editorial de O Globo que dizia que “o pré-sal pode ser um patrimônio inútil“, defendendo a sua entrega à exploração estrangeira:

(…) Alguns preços de referência de petróleo bateram US$ 37, acima do custo de produção no pré-sal, calculado em junho pela Petrobras entre US$ 40 e US$ 57. Confirma-se que foi erro crasso do lulopetismo, movido a ideologia, suspender por cinco anos os leilões, a fim de instituir o modelo de partilha no pré-sal, com alta intervenção do Estado. Assim , o Brasil perdeu importante janela para atrair bilhões de dólares.

Pois hoje, o Valor, que pertence ao mesmo grupo Globo, publica declarações do presidente da BP Energy do Brasil, Adriano Bastos, de que a exploração do pré-sal brasileiro se transformou em “low cost” (baixo custo) e “se tornou competitiva em função da redução dos custos e maior conhecimento da geologia”, inclusive comparado com o “shale oil” americano, produção de petróleo não convencional nos Estados Unidos.

O preço que garantiria rentabilidade ao petróleo do pré-sal, diz ele, fica entre U$ 30 e US$ 50. Como as empresas inflam seus custos e eles embutem sempre nestas valores as margens de lucro sonhada, o preço do petróleo do pré-sal deve andar na casa dos US$ 20, menos da metade deles em custos operacionais da produção propriamente dita e o restante de impostos, royalties, remuneração de investimentos, depreciação de ativos e tudo o mais que “penduram” nesta conta.

Como o preço do óleo está à beira dos US$ 70, dá para ver a lucratividade e, portanto, o quanto nos é retirado quando se multiplica a diferença pelos bilhões de barris que cada campo do pré-sal tem para ser extraído.

E é trágico que até um dirigente de multinacional reconheça que a rentabilidade é alta por conta do “maior conhecimento da geologia” que é outra forma de sacar dinheiro da Petrobras, que desenvolveu-a de forma própria e que a vê, agora, ser incorporada aos ganhos alheios.

Os vendilhões do Brasil, além de entregá-lo, cobram bem barato por nosso país.

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