Antes de Lula e Dilma, o Brasil era um país que não investia em
infraestrutura. Deu no que deu: enormes complexos metropolitanos onde se
amontoavam pessoas desempregadas, vivendo em casebres insalubres e
submetidas ao fétido odor dos esgotos a céu aberto. A responsabilidade
por isso é da política. Melhor dizendo, da ausência histórica de
políticas que só passaram a enfrentar, de fato, esses males há uns
poucos anos.
E não adianta espernear porque os números provam e o mundo já
reconheceu: foi só depois de Lula e de Dilma que as populações
periféricas passaram a ser alvo de políticas públicas de recuperação da
dignidade desses milhões de excluídos. Antes, esses homens e essas
mulheres não só conviviam com os ratos, como do ponto de vista
governamental, eram tratados como tal.
Ratos... Esta semana, alguns oposicionistas aos governos do PT
soltaram alguns deles antes do depoimento de um membro da direção
petista na Câmara dos Deputados. Foi uma tentativa torpe e extremamente
agressiva de associar a imagem suja dos bichinhos aos membros do
partido.
Então, mais do que repudiar a exposição dos animais ao risco de serem
pisoteados (como foram), valho-me da mal sucedida analogia
oposicionista para perguntar: quem são, afinal, os ratos da política
brasileira? Os que garantem níveis de emprego nunca antes alcançados, ou
os que aprovam um projeto como o da terceirização que rói conquistas
que estão sendo consolidadas há 70 anos? Os que garantem casa própria
para milhões de brasileiros que nunca a tiveram, ou os que quando
governaram roeram o Banco Nacional de Habitação jogando-o em transações
escabrosas e não construíram uma moradia sequer?
Os que permitiram que o filho da faxineira chegasse à universidade,
ou os que carcomeram o futuro dos jovens proibindo a abertura de novos
cursos técnicos? Os que retiraram 30 milhões de pessoas da miséria, ou
os que devoraram as nossas reservas quebrando o país três vezes?
Não, senhores oposicionistas, os ratos da política não somos nós, são
vocês! Vocês que impedem a reforma política porque sempre foram
sustentados pelo poder econômico. Vocês que entregaram o patrimônio
público a preço de banana para os seus amigos ricaços. Os roedores
históricos do dinheiro e dos valores desse país são vocês, que
sustentaram a ditadura, que torturaram e mataram pessoas, que trocaram
de partidos mil vezes, que impediram que a corrupção fosse investigada,
que mantiveram preconceitos raciais, de classe e de gênero.
Vocês, que devastaram as nossas riquezas naturais, que poluíram as
nossas águas e que aniquilaram nossas populações indígenas e
quilombolas. Vocês, que sempre andaram por túneis subterrâneos da
política, que se comportaram furtivamente como se não fossem
responsáveis pela gigantesca diferença social deste país. Vocês, que
politicamente, sempre agiram como ratos.
É por isso que quando nos deparamos com cenas como a dos ratos soltos
na Câmara, ou quando assistimos os senhores marchando sem
constrangimento ao lado de quem pede a volta dos coturnos covardes, nós
não nos surpreendemos. Porque sabemos com quem estamos lidando. Estamos
lidando é com as suas longas caudas, Longas como a dos ratos. E o pavor,
a gente também sabe, é porque Dilma armou a ratoeira.
(*) Deputado Federal (PT-RS) e Secretário Nacional Agrário do PT
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