quarta-feira, 5 de março de 2014

Artigo de opinião: Guerra pela Ucrânia: A Batalha de Itararé


Maurílio Ferreira Lima

No Brasil, quando algo é visto erradamente como acontecido, sem nenhuma possibilidade de ter acontecido, se diz que foi uma Batalha de Itararé, comemorada como grande vitória brasileira na Guerra do Paraguai, sem, de fato, nunca ter acontecido.
Assim ocorreu na Criméia, Ucrânia e Rússia. Só algum desavisado, sem nenhum conhecimento da complexidade das relações políticas e econômicas do mundo atual, poderia dizer que havia risco de guerra mundial com os EUA topando a Rússia.

Outros acreditaram nas declarações rompantes de Barack Obama, suspendendo relações comerciais com a Rússia ou congelando fundos russos nos EUA. Foi apenas um discurso sem nenhum efeito.

Os EUA são uma nação de alta complexidade, onde quem manda menos é o presidente. Quem tem comércio e relações comerciais e financeiras com os russos são grandes empresas e bancos privados, que estão se lixando se o presidente Obama é contra ou a favor. O presidente não tem força contra esse conglomerado.
É ridículo o secretário de Estado americano ir a Kiev e anunciar ao governo amigo que vai emprestar U$ 1 bilhão. A Ucrânia está falida e quebrada e pede U$ 35 bilhões. R$ 1 bilhão é uma esmola.
O mais ridículo é não existir esse U$ 1 bilhão. O presidente Barack Obama não dispõe como quer desse dinheiro. Seria preciso que o congresso norte-americano aprovasse, mas os líderes que controlam o parlamento já anunciaram que esse dinheiro não existe no orçamento e nem será incluído. O que prevalece é o corte de gastos e não o aumento.

A Europa falida, que compra aos russos 30% de todo o gás que consome, não quer nem ouvir falar em botar um tostão na Ucrânia.

A Ucrânia só tem um caminho: negociar com os russos, aumentar a autonomia da Criméia, não mexer na base naval de Sebastopole e diminuir em dois terços seu enorme contingente militar. O país não tem como pagar oficiais e soldados dessa força militar inútil.

O FMI com certeza mandará cortar salários e aposentadorias. A Ucrânia de joelhos e quebrada obedecerá e submeterá o uso dos seus parcos recursos à vigilância do FMI.
Assim, termina não em comédia, mas em sofrimento para os ucranianos uma confusão criada pela irresponsabilidade de lideranças políticas criminosas.

Ex-deputado federal.

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